Espeleólogos vão fazer “radiografia” do Buraco Roto na Batalha
Câmara assinou protocolo com a Liga para a Protecção da Natureza e vai apoiar financeiramente os trabalhos de exploração da gruta.
Através de um protocolo estabelecido entre a LPN e a Câmara da Batalha, os espeleólogos vão agora aprofundar o estudo daquela cavidade e fazer o cadastro de outras pequenas grutas existentes no planalto de S. Mamede. A autarquia apoia com 3900 euros que servirão para custear a logística associada a esta exploração.
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Através de um protocolo estabelecido entre a LPN e a Câmara da Batalha, os espeleólogos vão agora aprofundar o estudo daquela cavidade e fazer o cadastro de outras pequenas grutas existentes no planalto de S. Mamede. A autarquia apoia com 3900 euros que servirão para custear a logística associada a esta exploração.
O Buraco Roto, que é um dos pontos de passagem obrigatória nos percursos pedestres definidos para aquela zona, transforma-se numa nascente de água no Inverno. Por se encontrar esculpida na escarpa a cerca de 20 metros do nível do solo, desta gruta natural brota uma cascata nos dias de maior pluviosidade.
Segundo o espeleólogo Pedro Silva Pinto, coordenador do Centro de Estudos e Actividades Especiais da Liga, aos 400 metros de extensão forma-se um pequeno lago, que impede a passagem e só costuma esvaziar, lentamente, no Verão. Com o apoio da autarquia, os espeleólogos vão bombear essa água para o exterior para assim ganharem tempo para explorar as restantes galerias.
“As galerias têm mais de 800 metros de comprimento, o dobro do tamanho que era conhecido”, explica este especialista, sublinhando que ainda haverá mais galerias por descobrir. Silva Pinto, que se dedica à espeleologia há 17 anos, diz que o interior da gruta tem desníveis, “é tortuoso nalguns sítios”. Alguns locais têm câmaras onde é possível estar de pé, mas na maioria nos espaços é preciso gatinhar ou rastejar para avançar.
O protocolo assinado com a câmara prevê que os trabalhos de prospecção e cadastro comecem em breve e decorram ao longo de dez meses.
Segundo a Câmara da Batalha, as escavações realizadas na década de 1980 indicam que a gruta terá servido de abrigo a hominídeos. “Os vestígios ali encontrados (materiais cerâmicos e alguns ossos carbonizados) apontam para uma deposição ritual de natureza funerária datável dos finais da Idade do Bronze”, lê-se numa nota da autarquia.
Com este protocolo assinado com a LPN, a câmara quer promover o valor arqueológico e espeleológico do local. Os espeleólogos irão desenvolver “o trabalho de investigação e de âmbito técnico mais completo alguma vez realizado sobre o Buraco Roto”, diz o presidente do município, Paulo Batista Santos, citado numa nota de imprensa.
Os resultados desta exploração servirão, segundo o autarca, para definir uma estratégia de promoção turística do território, já associado a uma rede de percursos pedestres, à escalada e à prática do BTT. O objectivo é também conhecer em pormenor o curso da água naquela nascente, por questões de segurança, uma vez que no Inverno o percurso pedestre que passa naquele local é frequentemente interditado devido à grande quantidade de água debitada.