Dois homens acusados por auxílio ao atirador de Copenhaga
Imprensa dinamarquesa adianta que atacante era filho de refugiados palestinianos e que na prisão terá manifestado vontade de ir combater na Síria
Tal como no caso do atirador, morto domingo de manhã quando foi confrontado pela polícia, a polícia dinamarquesa invoca o segredo de justiça para não revelar a identidade dos detidos, presentes nesta segunda-feira a um juiz, que ordenou a sua detenção por um período inicial de 10 dias, adianta a Reuters.
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Tal como no caso do atirador, morto domingo de manhã quando foi confrontado pela polícia, a polícia dinamarquesa invoca o segredo de justiça para não revelar a identidade dos detidos, presentes nesta segunda-feira a um juiz, que ordenou a sua detenção por um período inicial de 10 dias, adianta a Reuters.
Ouvido pela AFP, o advogado de um deles revelou que “não estão acusados de terrorismo, mas de cumplicidade”, sob suspeita de terem ajudado o atirador a fazer desaparecer uma arma e a encontrar um esconderijo. Em tribunal declararam-se ambos inocentes, adiantou Michael Juul Eriksen. A polícia revela que os suspeitos foram detidos no domingo, mas não é claro se são os mesmos que foram vistos a sair algemados de um cibercafé em Norrebro, o mesmo bairro popular onde residia o atirador. O jornal Ekstra Bladet adianta que ambos, na casa dos 20 anos, são de origem estrangeira.
As duas detenções, adianta a Reuters, poderão indiciar que este não foi um ataque de um “lobo solitário”, mas uma acção desencadeada com o apoio de um grupo organizado. No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Martin Lidegaard, disse à BBC não existir qualquer indício do envolvimento de grupos jihadistas estrangeiros nos ataques de sábado. “Não estamos a falar de um combatente que tenha estado na Síria ou no Iraque. Estamos a falar de um homem que era conhecido da polícia por ligações a gangs, a actividades criminosas dentro da Dinamarca”.
E apesar do sigilo das autoridades, vão-se conhecendo aos poucos pormenores sobre o dinamarquês de 22 anos, identificado pela imprensa como Omar El-Hussein – um nome que a polícia não desmentiu. Segundo o jornal Politiken, o jovem é filho de um casal de palestinianos que chegou à Dinamarca vindo de um campo de refugiados na Jordânia.
Omar nasceu já na Dinamarca e, segundo o director do último colégio que frequentou antes de ter sido detido, em Janeiro do ano passado, “era um aluno dotado e talentoso”. Julie, nome fictício de uma colega ouvida pela AFP, recordou o dia em que ele a socorreu depois de ter sido atropelada. “Ele correu na minha direcção e ajudou-me a regressar à escola”, contou, lembrando Omar como alguém “gentil e muito inteligente”, mas que por vezes exibia “um comportamento bastante agressivo”.
Seria, segundo várias fontes, membro do gang La Raza, conhecido pela sua adesão ao radicalismo islâmico, mas teria também ligações a outro grupo que recrutava entre os jovens de ascendência árabe de Norrebro. Em Novembro de 2013, três dias depois de auxiliar Julie, esfaqueou um jovem de 19 anos na estação de comboios do bairro – foi detido dois meses mais tarde e condenado, em Dezembro último, a dois anos de prisão, tendo sido libertado no final de Janeiro por já ter cumprido metade da pena.
Foi da prisão que acompanhou as notícias sobre os ataques à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo e a um supermercado kosher de Paris, – acções que, acreditam as autoridades dinamarquesas, lhe terão servido de inspiração. O jornal Berlingske adianta que foi também na prisão que terá, pela primeira vez, manifestado a intenção de ir combater para a Síria, o que o colocou na lista de pessoas sob vigilância dos serviços secretos. Um outro antigo colega de escola descreve-o como muçulmano praticante, que “adorava discutir sobre o conflito israelo-palestiniano”. “Não tinha medo de dizer que detestava os judeus”, afirmou ao jornal Ekstra Bladet, apesar de assegurar que nada no seu comportamento indiciava que um dia atacaria civis inocentes.