São Pedro da Cova exige requalificação do depósito de resíduos perigosos

Remoção dos resíduos decorre a bom ritmo e deve terminar até Maio. Mas autarca local recusa que o espaço fique ao abandono.

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Das 105 mil toneladas de resíduos, cerca de 87 mil já foram retiradas. Adriano Miranda

Cerca de 87 mil num total de 105 mil toneladas de resíduos perigosos colocados numa área de 11 mil metros quadrados de São Pedro da Cova, entre Maio de 2001 e Março de 2002, já saíram do local. Desde Outubro, diariamente oitenta camiões atravessam a antiga vila mineira, levando para longe um problema que tem estado na agenda da população, e da junta, nos últimos anos. Mas a questão que agora se coloca é o que vai acontecer ao espaço, situado a poucos metros de um campo de futebol, um pavilhão gimnodesportivo e da piscina local.

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Cerca de 87 mil num total de 105 mil toneladas de resíduos perigosos colocados numa área de 11 mil metros quadrados de São Pedro da Cova, entre Maio de 2001 e Março de 2002, já saíram do local. Desde Outubro, diariamente oitenta camiões atravessam a antiga vila mineira, levando para longe um problema que tem estado na agenda da população, e da junta, nos últimos anos. Mas a questão que agora se coloca é o que vai acontecer ao espaço, situado a poucos metros de um campo de futebol, um pavilhão gimnodesportivo e da piscina local.

Daniel Vieira sabe o que não quer. Para o autarca do PCP, o espaço, agora vedado pela empresa contratada pela Comissão de Coordenação da Região Norte para a operação de descontaminação, não pode ficar de novo ao abandono. O autarca recorda que os detritos da antiga siderurgia foram ali colocados ao abrigo de um suposto plano de requalificação do terreno, onde o carvão fora minerado a céu aberto, deixando vários, e perigosos, buracos por tapar. Estes foram tapados com material perigoso para a população. E, agora que estão a ser removidos, a população espera que essa requalificação não tarde.

Segundo o autarca, a remoção dos resíduos, propriamente dita, deve terminar ainda em Março se o tempo, como até aqui, continuar a ajudar. Até Maio, a empresa fará a desmontagem do estaleiro e sairá dali. E sem notícias do que vai acontecer a seguir, o comunista pretende pedir para ser ouvido na comissão parlamentar de Ambiente – que vem acompanhando este caso – e vai contactar também a Comissão de Coordenação da Região Norte, a entidade que, nós últimos anos, monitorizou e financiou esta operação.

O espaço, como toda a zona florestal envolvente, deverá vir a ser integrado no chamado Pulmão Verde da Área Metropolitana, que juntará territórios das Serras de Santa Justa e Pias nos concelhos de Valongo, Gondomar e Paredes. Mas como recorda Daniel Vieira, esse projecto está ainda numa “fase embrionária”, desconhecendo-se sequer se vai ou não ser financiado pelos novos fundos europeus do Portugal 2020. Para a Junta, a solução, neste momento, nem teria de ser muito dispendiosa e passaria por criar condições, seguras, de usufruto da área por parte da população.

São Pedro da Cova é freguesia de grande tradição de mineração de carvão. No território são várias as marcas desta actividade que chegou a empregar cerca de 1800 pessoas durante a II Guerra Mundial. Não muito longe do espaço que agora vai ser aterrado, nivelado, com as terras limpas que cobriam os resíduos perigosos, ficam as ruínas do antigo complexo, o casario do bairro operário e a pequena Casa da Malta que, depois de 25 anos a servir de albergue para os mineiros que vinham de fora, tem passado os últimos 25 anos como museu.

Daniel Vieira, um autarca que foi eleito pela primeira vez com 23 anos e cujo currículo inclui uma tese de mestrado sobre as lutas operárias nas minas, pretende valorizar esta memória colectiva, bem presente na casa de praticamente todas as famílias. E deseja que no espaço que até agora tem sido notícia pelos resíduos ali deixados, venha a ser construído um equipamento que perpetue a relação de São Pedro da Cova com o negrume do carvão.

 

Junta ainda preocupada com a qualidade da água

A Junta de Fânzeres e São Pedro da Cova continua muito preocupada com o problema da qualidade da água nesta última localidade. A Agência Portuguesa do Ambiente divulgou a 26 de Janeiro que as águas subterrâneas têm apenas qualidade para rega e não para consumo, facto que, de acordo com Daniel Vieira, responsáveis desta entidade ontem reiteraram, com a explicação de que isso "não resulta dos resíduos perigosos, mas de esta se tratar de uma zona mineira com água muito férrea".

O autarca defende, no entanto, que é indispensável a realização de acções de divulgação e um esclarecimento cabal população, que ainda usa, em muitos casos, água do poço, e não apenas para rega. Daniel Vieira continua pouco descansado em relação a esta questão, porque um relatório de 2011 do Laboratório Nacional de Engenharia Civil dava conta de que "as consequências poderiam não se verificar no terreno, mas sim no futuro, por causa da lixiviação do material" entretanto retirado.

 

Substituída por notícia própria às 16h05