Tsipras diz ao Eurogrupo que quer tempo, não dinheiro
Primeiro-ministro insiste na negociação dos prazos e nas suas próprias reformas. Em Atenas e noutras capitais europeias, os cidadãos manifestaram-se em apoio aos gregos.
"Nós não queremos mais pacotes de ajuda. (...) Em vez de dinheiro, precisamos de tempo para aplicar os planos de reformas. Prometo-vos: depois disso, em seis meses a Grécia será outro país".
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"Nós não queremos mais pacotes de ajuda. (...) Em vez de dinheiro, precisamos de tempo para aplicar os planos de reformas. Prometo-vos: depois disso, em seis meses a Grécia será outro país".
Nesta segunda-feira realiza-se a reunião dos 19 ministros das Finanças do Eurogrupo. O novo Governo grego quer romper com o programa de ajuda imposto à Grécia desde há cinco anos pela União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, que teve pesadas consequências na vida da população.
"Pretendo uma solução 'vencedor-vencedor'. Quero salvar a Grécia de uma tragédia e preservar a Europa de uma divisão", disse Tsipras à revista que publicou um excerto da entrevista na sua edição online.
O primeiro-ministro grego aproveitou para se dissociar de uma caricatura publicada no jornal grego Avgi, próximo do seu partido, o Syriza, que mostra o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble em uniforme nazi e a dizer que vai "fazer sabão" com os gregos e "fertilizante das cinzas" dos gregos, referências claras aos campos de concentração. O desenho foi considerado "abjecto" pelo Governo de Berlim. "Não aprovo. É muito infeliz", disse Tsipras.
"A nossa posição é forte e vai conduzir a um acordo, mesmo que seja no último minuto", disse o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, numa entrevista também divulgada neste domingo.
Manifestações de apoio aos gregos
Perto de 18 mil gregos manifestaram-se neste domingo em Atenas em apoio ao Governo de Alexis Tsipras. Em Salónica, a segunda maior cidade do país, foram oito mil.
Théodora, uma desempregada de 58 anos ouvida pela AFP, declarou que os gregos querem "justiça aqui e agora". "Deve-nos ser feita justiça pelo sofrimento suportado pela Grécia nos últimos cinco anos", disse, na praça Syntagma, em Atenas.
Os manifestantes seguravam faixas onde se podia ler "Acabem com a austeridade na Grécia e na Europa" e "Acabem com a Merkel, tentem a democracia".
Noutras capitais europeias realizaram-se também concentrações de apoio aos gregos. Em Paris pelo menos duas mil pessoas pronunciaram-se contra aquilo que apelidaram de "o Golias das Finanças". A marcha foi convocada por sindicatos e organizações de extrema-esquerda que pediram aos apoiantes para levarem bandeiras do Syriza (partido do primeiro-ministro grego). "Na Grécia, em França, resistir contra a austeridade e a finança", gritaram.
Também em Lisboa centenas de manifestantes concentraram-se no Largo Camões, em Lisboa, em solidariedade com a Grécia, exibindo bandeiras, cartazes e faixas com frases como "Juntos contra a Troika", em português e em grego, ou "O medo mudou de lado".