Sector metalúrgico teve em 2014 o melhor ano nas vendas ao estrangeiro
Indústria está a atrair investimento estrangeiro, especialmente de empresas de pequena ou média dimensão.
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Para além de novos investimentos, alguns já em curso e outros em perspectiva, o líder associativo garante que todas as grandes empresas estrangeiras presentes no nosso país também têm aumentado a sua capacidade de produção, criando mais empregos. A tradição de atracção de investimento estrangeiro, designadamente de grandes multinacionais, já é antiga. A novidade agora reside no interesse que as PME europeias estão a revelar pelo país.
O investimento estrangeiro explica parte do dinamismo do sector, que assegura um volume de negócios anual de 28 mil milhões de euros, metade do qual é exportado. Importante é também a capacidade de adaptação das empresas nacionais, cada vez mais apostadas ao fabrico de produtos de alto valor acrescentado, como são as peças técnicas vendidas para a indústria automóvel, aeronáutica e nuclear, entre outras.
A qualidade dos produtos, a capacidade de inovação, a existência de mão-de-obra qualificada, o apoio de um conjunto de centros tecnológicos, como o CATIM e o CENFIM e de institutos de investigação e certificação, como o INETI, INEGI, pesa favoravelmente na decisão das PME estrangeiras de se instalarem Portugal.
“A indústria metalomecânica portuguesa nunca foi protegida, nem a nível nacional, nem comunitário, mas isso tornou-nos mais fortes”, refere Rafael Pereira, acrescentando que o sector concorre com o melhor que se faz na Alemanha, em França, ou mesmo nos Estados Unidos e no Japão.
Peças técnicas em alta
A produção de peças técnicas é um dos segmentos do sector que registam maiores crescimentos, refere Rafael Pereira. No total, este segmento representa actualmente uma produção de seis mil milhões de euros.A apostar exclusivamente nas peças técnicas existem cerca de 150 PME, a que se junta um universo grande de microempresas.
Entre os segmentos com menor crescimento ou mesmo alguma contracção estão os produtos destinados à construção, como caixilharias, torneiras ou ferragens, que sofreram com a crise imobiliária em Portugal e em Espanha. Ainda assim, refere o líder associativo, há empresas destes ramos a orientar-se para produtos com maior procura no mercado.
As exportações gerais do sector têm crescido a bom ritmo, aumentando 30% nos últimos quatro anos. Em 2014, as exportações cresceram 9,6%, totalizando 13.798 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre.
O vice-presidente da AIMMAP está optimista na manutenção do rota ascendente das exportações, apesar da instabilidade nos mercados financeiros, com destaque para a cotação do petróleo e a desvalorização do euro, que tem aspectos positivos, mas também negativos para o sector.
A título de exemplo, refere que as empresas nacionais são fornecedoras da indústria petrolífera e há três países que são importantes para o sector, como Angola, Venezuela e Rússia, que estão a sentir o efeito da queda das cotações. “Actualmente, ainda não é visível uma queda de encomendas, mas se as baixas cotações permanecerem, é provável que aconteça”, refere o líder associativo.
Ainda assim, Rafael Pereira destaca que o sector está hoje muito internacionalizado, exportando para cerca de 200 países, embora para alguns em quantidades muito reduzidas.
O maior destino das exportações do sector continua a ser a Europa comunitária, que absorve 70% das vendas, já menos que os 81% que representava em 2011.
Um dos desafios do sector é substituir parte das importações realizadas pelo país. “É possível manter o rimo de crescimento e há capacidade instalada ou instalável para substituir parte das importações”, refere Rafael Pereira.
O sector importa matérias-primas, como aço, ferro e outros, que pesam cerca de um terço do valor das exportações, e também equipamentos e máquinas, a que o sector não dá resposta. Mas também importa outros, como tampas de saneamento, que podem ser produzidos, a preços competitivos, internamente. Quem tem a opção das compras, incluindo entidades públicas, deve ter essa preocupação, desafia Rafael Pereira.