Metamorfose
A velha Europa precisava desta metamorfose da revolução.
E a revolução não é simplesmente uma revolução de Paris, de São Petersburgo ou de Madrid ou mesmo de Lisboa. É uma revolução da Europa, com outro alcance e uma audiência muitíssimo maior. Claro que nós, no nosso doce e sossegado cantinho, quase sempre vivíamos vicariamente as mudanças da história e o homem novo nascia quase sempre muito longe num sítio desconhecido e obscuro, como compete à aurora. Excepto quando nos calhou a nós. De qualquer maneira, até 1975, anteontem para dizer a verdade, sabíamos muito bem o nosso papel.
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E a revolução não é simplesmente uma revolução de Paris, de São Petersburgo ou de Madrid ou mesmo de Lisboa. É uma revolução da Europa, com outro alcance e uma audiência muitíssimo maior. Claro que nós, no nosso doce e sossegado cantinho, quase sempre vivíamos vicariamente as mudanças da história e o homem novo nascia quase sempre muito longe num sítio desconhecido e obscuro, como compete à aurora. Excepto quando nos calhou a nós. De qualquer maneira, até 1975, anteontem para dizer a verdade, sabíamos muito bem o nosso papel.
Agora foi a surpresa, os trabalhadores não apareceram na rua de punho ao alto para esmagar a reacção. As 200 famílias, quando não estão em tribunal por qualquer vigarice comum, continuam em casa. A doença infantil do esquerdismo acabou por se instalar no Governo da Grécia e viaja por aí freneticamente de avião. E a grande força do progresso passou agora a ser o imenso proletariado do funcionalismo e dos subsídios do Estado. O manifesto obrigatório da “inteligência”, assinado pelas luminárias do costume, é dirigido ao pobre dr. Passos Coelho, que certamente ficou atarantado com a sua súbita importância histórica. De resto, por razões que se compreendem, nem Sartre, nem Beauvoir se deram ao trabalho de ir deixar uma frase em Atenas, coisa que não nos faltou em Lisboa.
Não interessa. Nada disto diminui o Syriza, porque o Syriza encenou a sua erupção na consciência das massas para o tempo da televisão e da Internet; e aí foi, reconheçamos, magistral. A ideia de não pôr gravata não ocorreria a Lenine. O nacionalismo e o justo ódio aos mercados do capital oligárquico e especulativo não se vêem e não ganham com a alta definição o Facebook ou o Twitter. Em contrapartida, o couro preto não engana ninguém e não há ninguém que não conheça a sua ilustre linhagem: os comissários do Exército Vermelho, os generais do Führer, os super-homens da SS. O couro preto e o pormenor moderno da fralda de fora indicam agressivamente o macho Alfa, a sua virilidade e a sua vontade de domínio. Características que, se não comovem a sra. Merkel, intimidam os burocratas da economia e arrasam as feministas de serviço. A velha Europa precisava desta metamorfose da revolução.