Sudão, a barbárie esquecida
É imperativo que a barbárie no Sudão não seja esquecida. E se ouça o grito das suas vítimas.
Num momento em que as atenções do mundo estão centradas no futuro da Grécia na União Europeia e no desenrolar das negociações em torno da guerra da Ucrânia, pode parecer estranho que alguém preste atenção a outros temas. Mas o relatório da Human Rights Watch (HRW) sobre o Sudão, mais concretamente sobre o Darfur do Norte, deve fazer-nos parar para reflectir sobre uma outra barbárie, mais antiga, que ali mata e fere milhares há muitos anos e para a qual o mundo não arranjou ainda qualquer solução. O que sucedeu desta vez? Mais de duas centenas de mulheres (muitas delas jovens ou crianças) foram violadas ao longo de 36 horas pelas forças armadas sudanesas, a pretexto de uma retaliação pela morte de soldados governamentais. A lei que ali impera, como é sabido, é a da intimidação pelo terror. O que inclui, além de violações, diversas espécies de tortura e assassinatos. Tabit, uma localidade no Darfur do Norte, foi desta vez o cenário para os crimes descritos à organização de direitos humanos HRW, mas ao longo dos anos a geografia da barbárie sudanesa é extensa e irrestrita. As denúncias ao Tribunal Penal Internacional já vêm de longa data e, devido a elas, há um mandado de busca internacional contra o Presidente sudanês, Omar al-Bashir. Nada que o incomode. Em 2004, o então secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, falou em genocídio ao referir-se ao Darfur, dizendo que ali estava “a pior crise humanitária do século XXI”. Ora mesmo antes da secessão do Sudão do Sul, a pior ameaça para as populações tem vindo mais das tropas governamentais do que dos rebeldes, ganhando àquelas no nível de selvajaria. Com quase meio milhão de deslocados em 2014 e 70 mil em Janeiro de 2015, segundo a ONU, o Sudão continua a ser uma chaga aberta no continente africano. E se a ameaça do ébola lhe roubou em 2014 as atenções do mundo, é imperativo que ele não seja esquecido. E se ouça o grito das suas vítimas.
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Num momento em que as atenções do mundo estão centradas no futuro da Grécia na União Europeia e no desenrolar das negociações em torno da guerra da Ucrânia, pode parecer estranho que alguém preste atenção a outros temas. Mas o relatório da Human Rights Watch (HRW) sobre o Sudão, mais concretamente sobre o Darfur do Norte, deve fazer-nos parar para reflectir sobre uma outra barbárie, mais antiga, que ali mata e fere milhares há muitos anos e para a qual o mundo não arranjou ainda qualquer solução. O que sucedeu desta vez? Mais de duas centenas de mulheres (muitas delas jovens ou crianças) foram violadas ao longo de 36 horas pelas forças armadas sudanesas, a pretexto de uma retaliação pela morte de soldados governamentais. A lei que ali impera, como é sabido, é a da intimidação pelo terror. O que inclui, além de violações, diversas espécies de tortura e assassinatos. Tabit, uma localidade no Darfur do Norte, foi desta vez o cenário para os crimes descritos à organização de direitos humanos HRW, mas ao longo dos anos a geografia da barbárie sudanesa é extensa e irrestrita. As denúncias ao Tribunal Penal Internacional já vêm de longa data e, devido a elas, há um mandado de busca internacional contra o Presidente sudanês, Omar al-Bashir. Nada que o incomode. Em 2004, o então secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, falou em genocídio ao referir-se ao Darfur, dizendo que ali estava “a pior crise humanitária do século XXI”. Ora mesmo antes da secessão do Sudão do Sul, a pior ameaça para as populações tem vindo mais das tropas governamentais do que dos rebeldes, ganhando àquelas no nível de selvajaria. Com quase meio milhão de deslocados em 2014 e 70 mil em Janeiro de 2015, segundo a ONU, o Sudão continua a ser uma chaga aberta no continente africano. E se a ameaça do ébola lhe roubou em 2014 as atenções do mundo, é imperativo que ele não seja esquecido. E se ouça o grito das suas vítimas.