Membros de grupo jihadista condenados na Bélgica

O Sharia4Belgium recrutava jovens que, depois de radicalizados, seguiam para combater nas fileiras do Estado Islâmico.

Foto
Jejoen Bontinck, de 20 anos, testemunhou pela acusação Yves Herman/Reuters

A figura que mereceu mais atenção por parte dos media foi Fouad Belkacem, de 37 anos, considerado o líder desta célula de inspiração salafista que enviava combatentes sobretudo para a Síria, onde se juntavam aos radicais do Estado Islâmico.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A figura que mereceu mais atenção por parte dos media foi Fouad Belkacem, de 37 anos, considerado o líder desta célula de inspiração salafista que enviava combatentes sobretudo para a Síria, onde se juntavam aos radicais do Estado Islâmico.

Belkacem, que se declarou inocente de todas as acusações, foi apresentado como uma pessoa que, através de palestras e de comunicações em redes sociais, fazia “lavagens ao cérebro” de jovens, radicalizando-os e recrutando-os. Algumas testemunhas disseram ter sido radicalizadas por ele e foram apresentados vídeos e gravações áudio com provas de como os membros do Sharia4Belgium - classificada como organização terrorista - estiveram envolvidos em actos terroristas.

Numa carta aberta, Belkacem disse “nunca ter recrutado, incentivado ou enviado” combatentes para a Síria. Os seus advogados disseram que nunca comprou passagens aéreas para a Síria e que nunca apresentou qualquer dos seus seguidores a jihadistas. Foi condenado a 12 anos de prisão.Os restantes réus tiveram penas entre os três e os 15 anos de cadeia, com alguns a verem as penas suspensas.

Um desses (pena suspensa de 40 meses) foi Jejoen Bontinck, agora com 20 anos, que se tornou um caso famoso na Bélgica, pois o seu pai foi à Síria buscá-lo. Esteve em tribunal como testemunha de acusação, daí a suavidade da sentença. “Não fui buscar o meu filho à Síria para ele agora ser preso aqui”, disse o pai, Dmitri Bontinck, que defendeu o seu ponto de vista: o Sharia4Belgium cativava rapazes que estavam a atravessar fases difíceis da adolescência, e foi isso que aconteceu ao seu filho. Defendeu que Jejoen não constitui uma ameaça.

Esse é o receio das autoridades da Bélgica e de outros países de onde saem combatentes europeus que partem para se juntar a grupos jihadistas. Ao regressarem, podem trazer ordens para fazer atentados, ou agir por conta própria. Da Bélgica - onde este foi o maior julgamento de suspeitos de terrorismo -, e segundo os dados oficiais, partiram perto de 350 combatentes, o maior número de um país europeu. Dez por cento deles foram recrutados pelo Sharia4Belgium.

O julgamento teve lugar num momento em que o país está em alerta máximo por perigo de ataque terrorista, depois de as autoridades terem desmatelado, em Janeiro, uma rede que se preparava para matar polícias em várias cidades do país.