Surfistas de Sines manifestam-se sábado pela preservação da praia de São Torpes

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A iniciativa está marcada para as 11h de sábado, junto à Escola de Surf do Litoral Alentejano (ESLA), na praia de São Torpes, a sul de Sines, no distrito de Setúbal, indicou nesta quarta-feira à agência Lusa um dos responsáveis pela organização, Flávio Jorge.

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A iniciativa está marcada para as 11h de sábado, junto à Escola de Surf do Litoral Alentejano (ESLA), na praia de São Torpes, a sul de Sines, no distrito de Setúbal, indicou nesta quarta-feira à agência Lusa um dos responsáveis pela organização, Flávio Jorge.

Com a acção, os surfistas pretendem alertar para o “duro golpe” que a praia poderá sofrer com uma nova expansão do terminal de contentores do Porto de Sines, sendo que a terceira e quarta fases desse projecto se encontram em avaliação de impacte ambiental.

A “diminuição” da ondulação e o “possível desaparecimento do extenso areal” são os efeitos esperados pelo aumento do molhe de protecção do Terminal XXI, obra que está prevista caso a ampliação do cais daquela infraestrutura avance.

De acordo com os surfistas, após a construção do chamado molhe leste e da sua primeira ampliação, concluída em 2012, a praia de São Torpes e a prática de surf na mesma “foram afectadas”.

Em comunicado enviado à Lusa pela associação SOS - Salvem o Surf, André Teixeira, proprietário de uma escola de surf naquela praia, refere que é obrigado “a ter as portas fechadas a maior parte do ano”, uma vez que “deixou completamente de haver areia” na zona.

“Somos forçados a deslocar-nos constantemente em carrinhas para praias mais a sul, com condições muito inferiores às que a praia de São Torpes sempre me proporcionou”, afirmou o responsável, que é também presidente da Associação de Surf do Alentejo.

Recentemente, a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) anunciou que a concessionária do Terminal XXI, a PSA Sines, teria decidido adiar a terceira fase de expansão, "por razões de indefinição do mercado internacional", embora "sem desistir" da mesma.

Em alternativa, a empresa iria avançar, este ano, com um investimento de 40 milhões de euros para aumentar a capacidade de movimentação anual de mercadorias em cerca de 500 mil TEU (unidade equivalente a um contentor de 20 pés), através da utilização da face noroeste do cais.

Segundo Flávio Jorge, proprietário da ESLA, os surfistas ficaram “contentes com a notícia”, pois, “não avançando para sul, [o terminal] já não danifica a praia”.

No entanto, como a “hipótese” de expansão do cais “não está posta de parte”, os responsáveis pretendem, “desde já, vincar” a sua posição, realizando a manifestação no sábado para “alertar as pessoas” para os efeitos “realmente muito prejudiciais para a praia” de uma nova ampliação daquela infraestrutura.

No final do ano passado, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) divulgou que, até ao dia 20 de Janeiro, deveria ser emitida a declaração de avaliação de impacte ambiental, que pode ser favorável, condicionalmente favorável ou desfavorável, mas, até hoje, o documento não foi disponibilizado.

A Lusa contactou hoje a APA para saber em que ponto está o processo, mas não recebeu resposta em tempo útil.

Em declarações à Lusa no final de Janeiro, a APS, responsável pelo estudo de impacte ambiental realizado, informou que é previsível que a decisão “venha a ser emitida durante o primeiro trimestre de 2015”.