Cavaco lembra saída de “muitos milhões” dos portugueses para a Grécia

Presidente da República diz que a Grécia tem vindo a corrigir as suas posições.

Foto
Cavaco vai doar parte da sua biblioteca Daniel Rocha

"Portugal tem vindo a demonstrar solidariedade em relação à Grécia para que ela permaneça na zona do euro. Para além do empréstimo que fizemos à Grécia de cerca de mil e cem milhões de euros, Portugal tem vindo a transferir para a Grécia o produto do juros das obrigações na posse do Banco de Portugal, o que significa muitos milhões de euros que saem da bolsa dos contribuintes portugueses", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, quando questionado sobre a situação grega.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Portugal tem vindo a demonstrar solidariedade em relação à Grécia para que ela permaneça na zona do euro. Para além do empréstimo que fizemos à Grécia de cerca de mil e cem milhões de euros, Portugal tem vindo a transferir para a Grécia o produto do juros das obrigações na posse do Banco de Portugal, o que significa muitos milhões de euros que saem da bolsa dos contribuintes portugueses", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, quando questionado sobre a situação grega.

Fazendo notar que nas últimas semanas "o Governo grego já aprendeu bastante sobre o funcionamento da União Económica e Monetária" e tem vindo a corrigir as suas posições, Cavaco Silva fez votos para que essa correcção prossiga para que se possa chegar a um entendimento na reunião extraordinária do Eurogrupo que se realiza esta quarta-feira em Bruxelas.

"Cada dia a Grécia ou o Governo grego toma conhecimento melhor da realidade da União Económica e Monetária, portanto tenho alguma esperança de que continue a evoluir por forma a que se alcance um acordo", sublinhou.

O Presidente da República, que falava aos jornalistas à saída da sessão de abertura do X Congresso Nacional do Milho, que decorre num hotel de Lisboa, lembrou a propósito a interdependência que existe entre as economias europeias, sublinhando que é preciso ter em conta que todos os governos respondem perante os seus eleitorados, tal como o executivo grego.

Por isso, continuou, sendo a União Económica e Monetária um espaço onde existem políticas comuns é fundamental que existam regras e que sejam respeitadas por todos, tal como os compromissos anteriormente assumidos pelos respectivos governos.

Lembrando a sua formação como economista, Cavaco Silva reconheceu ainda que "seria um desastre total para a Grécia", se saísse do suro.

Cavaco Silva voltou também a distinguir a situação da Grécia – onde as taxas de juro estão a chegar aos 20% – da situação de Portugal, um país "que cumpriu os seus compromissos", já saiu do acordo com a troika sem necessitar de um segundo resgate ou programa cautelar e que se encontra numa "situação bastante sólida".

O Presidente da República ressalvou, contudo, que, apesar de ser natural que cada país defenda os seus interesses, "cada um não pode fazer aquilo que muito bem entende, porque ao fazê-lo vai prejudicar os outros".

Interrogado se a própria Europa também devia evoluir nas suas posições, o chefe de Estado recordou que há muito que defende que a União Europeia "podia fazer muito melhor" em algumas áreas, nomeadamente no reforço de uma agenda de crescimento económico e de combate ao desemprego.

Mas, continuou, isso "requer que alguns países que tenham margem de manobra façam políticas orçamentais mais expansionistas".

"A palavra solidariedade tem de estar sempre ao lado da palavra responsabilidade, somos solidários, mas temos de ser responsáveis", disse já a terminar.