Rui Araújo é o novo primeiro-ministro de Timor-Leste
Posse do novo Governo deve ocorrer ainda esta semana. Não é claro o figurino do futuro Governo. Nem o papel de Xanana Gusmão.
A nomeação de Rui Araújo, médico, de 50 anos, ex-ministro da Saúde e ex-vice-primeiro-ministro, marca uma mudança geracional na liderança timorense. Substitui no cargo Xanana – herói da resistência à ocupação indonésia, ex-Presidente, e que na semana passada se demitiu do cargo de chefe do Governo. A formação do novo Governo e a posse deverão ocorrer ainda esta semana, indica o comunicado da Presidência em que foi anunciada a indigitação.
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A nomeação de Rui Araújo, médico, de 50 anos, ex-ministro da Saúde e ex-vice-primeiro-ministro, marca uma mudança geracional na liderança timorense. Substitui no cargo Xanana – herói da resistência à ocupação indonésia, ex-Presidente, e que na semana passada se demitiu do cargo de chefe do Governo. A formação do novo Governo e a posse deverão ocorrer ainda esta semana, indica o comunicado da Presidência em que foi anunciada a indigitação.
A escolha de um chefe de Governo exterior à coligação liderada pelo partido de Xanana, o CNRT (Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste), causou descontentamento nos partidos que a têm integrado. Mas motivou o aplauso de históricos da resistência timorense, como Ramos-Horta. “É a melhor pessoa para ocupar este cargo nos próximos anos”, escreveu na sua página no Facebook. O antigo primeiro-ministro e Presidente elogia a “competência profissional e integridade” do novo chefe do Governo, que descreve como “pessoa modesta e incorruptível”.
“Xanana está a fazer exactamente o que me disse em 2011, antes das eleições de 2012; mais precisamente, que iria renunciar ao cargo em 2015 para preparar o caminho da nova geração de líderes. Não iria assim cumprir o mandato de cinco anos. E isto é o que está a fazer”, escreveu Ramos-Horta.
O Prémio Nobel da Paz revela no mesmo texto que, em 2013, esteve num encontro com Xanana, Francisco Lu Olo Guterres, presidente da Fretilin, e Mari Alkatiri, secretário-geral do mesmo partido, em que foi discutido o “processo de transição” dos líderes sobreviventes da geração de 1975, quando começou a ocupação indonésia, para a “Geração de Santa Cruz”, nome do cemitério onde, em 1991, ocorreu um massacre de timorenses.
Não é ainda claro se o futuro Governo manterá o figurino. A liderança da Fretilin tem repetido que o partido não integrará o Governo como partido e que os militantes que dele possam vir a fazer parte o farão a título individual. O CNRT tem maioria relativa no Parlamento, com 30 deputados. Após as últimas eleições coligou-se com o Partido Democrático, seis parlamentares, e a Frente Mudança, dois. A Fretilin tem 25 lugares.
Também não é claro o papel do chefe cessante do Governo. “Se mantiver os planos que me contou há duas semanas, então Xanana irá ficar num ministério e na presidência da Agência de Planeamento Estratégico, trabalhando em estreita colaboração com o primeiro-ministro", escreveu Ramos-Horta.
Rui Araújo, que integrou a rede estudantil de oposição à ocupação indonésia, “é uma figura unificadora”, disse à AFP Damien Kingsbury, especialista em assuntos de Timor-Leste da Deakin University, da Austrália. É “muito, muito popular.” “A sua nomeação como primeiro-ministro significa que o Governo vai ser um Governo de unidade nacional”, afirmou.
A nomeação de novo primeiro-ministro “deve transformar a política timorense, inaugurando um novo período de cooperação interpartidária”, considera Cillian Nolan, subdirector do Institute for Policy Analysis of Conflict, um centro de estudos com sede em Jacarta, citado pela Reuters.
Rui Araújo será o quinto primeiro-ministro da antiga colónia portuguesa desde a restauração da independência, em 2002. O cargo foi anteriormente ocupado por Mari Alkatiri, Ramos-Horta, Estanislau da Silva e Xanana Gusmão.