Encontrada edição da Magna Carta nos arquivos de uma pequena cidade inglesa
Descoberta foi feita por acaso nos arquivos da Câmara de Sandwich, em Kent.
O documento que foi redigido para marcar o desacordo entre os barões ingleses e o rei João de Inglaterra quanto aos poderes da realeza estava esquecido. Foi encontrado entre tantos documentos arquivados no Departamento de História da Câmara Municipal de Kent, no Sul de Inglaterra. Desde que o rei João a assinou e selou, os monarcas que se seguiram acataram os seus princípios. Em 1297, foi reconhecida como lei pelo Parlamento britânico e selada pelo rei Eduardo I.
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O documento que foi redigido para marcar o desacordo entre os barões ingleses e o rei João de Inglaterra quanto aos poderes da realeza estava esquecido. Foi encontrado entre tantos documentos arquivados no Departamento de História da Câmara Municipal de Kent, no Sul de Inglaterra. Desde que o rei João a assinou e selou, os monarcas que se seguiram acataram os seus princípios. Em 1297, foi reconhecida como lei pelo Parlamento britânico e selada pelo rei Eduardo I.
A descoberta foi feita por acaso. Mark Bateson, o arquivista da câmara, nunca imaginou que ao procurar a carta da cidade de Sandwich, em Kent, conforme lhe foi pedido, viesse a encontrar uma edição da Magna Carta.
Segundo a imprensa britânica, Bateson encontrou a Magna Carta num álbum vitoriano. O documento histórico, que serviu de base a textos fundadores do direito, está rasgado, faltando-lhe um terço, mas pode valer ainda mais de 10 milhões de libras (pouco mais de 13 milhões de euros), de acordo com o professor Nicholas Vincent, especialistas em História Medieval da Universidade de East Anglia.
“É uma descoberta fantástica que acontece na semana em que quatro outras versões conhecidas foram trazidas para o Parlamento”, diz, citado pelo The Guardian, o especialista, lembrando que poucas cidades britânicas têm um documento tão importante como este.
Na verdade, só se conhece a existência de 24 cópias da Magna Carta em todo o mundo — grande parte dos exemplares estão em arquivos, catedrais ou universidades britânicas. Há, pelo menos, duas cópias fora do Reino Unido, nomeadamente nos Estados Unidos e na Austrália.
“Deve ter sido muito mais distribuída do que aquilo que nós pensamos, porque se Sandwich tem uma é porque há probabilidade de esta ter chegado a muitas outras cidades”, explica Nicholas Vincent, com a certeza de que outros exemplares se encontrem no país, sem que nunca ninguém os tenha descoberto.
Foi Nicholas Vincent que em Dezembro pediu a Mark Bateson que procurasse a carta da cidade para uma investigação sua — carta essa que estava no mesmo álbum vitoriano e que permitiu a descoberta do documento histórico.
Segundo o presidente da Câmara de Sandwich, Paul Graeme, a intenção não é vender o documento mas sim beneficiar da descoberta para atrair turistas à cidade. “É um imenso privilégio ter este documento, tendo em conta a sua importância internacional”, disse o autarca, mostrando-se “absolutamente encantado” com a descoberta.
Esta semana, quatro edições da Magna Carta (uma da Catedral de Salisbury, outra da Catedral de Lincoln e duas da British Library) foram levadas para Westminster para uma exposição que pretende assinalar os 800 anos em que o documento foi selado em Runnymede, em 1215.