Perguntas & Respostas: hepatite C
O que é a hepatite C e como se transmite?
A hepatite C é uma doença provocada por um vírus que causa uma inflamação no fígado e que pode levar a casos de cirrose, cancro ou falência hepática. A doença, transmitida sobretudo através de fluidos sanguíneos contaminados, pode ser assintomática durante mais de dez anos e em alguns casos minoritários cura-se sem tratamento.
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O que é a hepatite C e como se transmite?
A hepatite C é uma doença provocada por um vírus que causa uma inflamação no fígado e que pode levar a casos de cirrose, cancro ou falência hepática. A doença, transmitida sobretudo através de fluidos sanguíneos contaminados, pode ser assintomática durante mais de dez anos e em alguns casos minoritários cura-se sem tratamento.
Quando surgiram os novos tratamentos?
Há vários anos que há tratamento para a hepatite C, mas com taxas de cura que não iam além dos 50% e sempre com muitos efeitos secundários que levavam os doentes a não conseguir completar os protocolos. Ainda em 2014 foram aprovadas duas substâncias que subiram as taxas de cura para 70%, mas sem resolver os problemas dos efeitos secundários. O primeiro medicamento inovador a mudar esta realidade foi aprovado pela União Europeia em Janeiro de 2014 e é o Sofosbuvir da farmacêutica Gilead Sciences, que serve para todos os genótipos da doença. Depois desse surgiu mais um do mesmo laboratório e dois de farmacêuticas distintas: da AbbVie e da Bristol-Myers Squibb. Estes três não servem para todos os genótipos, pelo que não se destinam a todos os doentes, mas abrangem uma esmagadora maioria, 96% dos casos. Alguns têm de ser tomados com outros fármacos.
As taxas de cura são superiores?
Sim. Tanto os fármacos da Gilead como os da AbbVie e da Bristol-Myers Squibb têm taxas de cura entre os 90% e 100%, sendo que os dados mais recentes colocam-nos acima dos 95%, o que permite falar num cenário de quase erradicação da doença a médio prazo.
Quantos doentes foram tratados?
O Infarmed decidiu, enquanto não houve acordo, dar os medicamentos inovadores aos doentes em risco de vida. Até dia 5 de Fevereiro tinham sido dadas 665 autorizações, mas não se sabe quantas chegaram ao terreno e as associações de doentes têm alertado que há muitos tratamentos que não se concretizaram e que houve doentes graves excluídos. Deste total de 665 tratamentos, 166 ainda corresponderam às soluções com mais efeitos secundários e taxas de cura de 70%. Dos restantes 499, em 331 dos casos os doentes não receberam o Sofosbuvir mas sim as soluções que surgiram depois e que foram dadas em ensaios clínicos ou oferecidas pelos laboratórios, sem custos para o Serviço Nacional de Saúde.
Quantos doentes vão ser tratados no âmbito do plano e quando?
O plano prevê que os cerca de 13 mil doentes com hepatite C registados nos hospitais possam ser tratados. O acordo dura dois anos, mas como a capacidade anual será para tratar cerca de 5000 doentes alguns casos poderão ficar para depois. Há também a possibilidade de curas espontâneas, que acontecem em 20% dos casos. O ministro da Saúde disse que o tratamento arrancará ainda em Fevereiro e que, entretanto, serão seguidas as regras anteriores relacionadas com o risco de vida.
Qual o próximo passo?
Na próxima semana vai haver uma reunião entre o Infarmed e os especialistas em hepatologia para definir os critérios de alargamento do tratamento, já que vão ter necessariamente de ser definidos grupos.
O que vai mudar nos prazos?
Até agora, desde que o médico assistente pedia o fármaco até chegar a resposta final do Infarmed ao hospital decorriam em média 26 dias e o processo passava por vários organismos. O Infarmed comprometeu-se a agilizar o circuito. As comissões de farmácia e terapêutica dos hospitais demoram em média 16 dias, e passam a ter apenas cinco para intervir. O Infarmed demorava um dia e passa a ter de decidir em dois, não só porque terá de analisar mais casos mas também porque se elimina a passagem pela Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica do regulador, onde a demora era de dez dias. Esta comissão passa a ficar responsável antes pela supervisão, monitorização e auditoria.
Quanto custam afinal estes medicamentos?
Não há resposta oficial porque o acordo é confidencial. Sabe-se apenas que o valor proposto há um ano só para o Sofosbuvir era de 48 mil euros e que baixou ao longo de 2014 para 42 mil euros. Espanha terá conseguido um preço de 25 mil euros e as autoridades portuguesas disseram ter chegado ao melhor preço da Europa, pelo que terá de ser mais baixo. Para o medicamento que surgiu depois e que combina Sofosbuvir e Ledipasvir o preço rondaria os 30 mil euros e também foi reduzido para valores abaixo dos de Espanha.