Procurador morto tinha rascunho de mandado de captura contra Kirchner
Documento encontrado no lixo em casa de Alberto Nisman, que morreu em vésperas de apresentar caso contra Presidente no Congresso, aumenta suspeitas sobre a morte.
O rascunho de 26 páginas foi encontrado no caixote do lixo de casa de Nisman, procurador responsável pela investigação do atentado de 1994 contra um centro judaico em Buenos Aires. O procurador pedia ainda a prisão do ministro dos Negócios Estrangeiros, Héctor Timerman. Nisman acusava tanto Kirchner como Timerman de obstrução à justiça, ao tentar proteger responsáveis iranianos da responsabilidade de um ataque a um centro judaico.
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O rascunho de 26 páginas foi encontrado no caixote do lixo de casa de Nisman, procurador responsável pela investigação do atentado de 1994 contra um centro judaico em Buenos Aires. O procurador pedia ainda a prisão do ministro dos Negócios Estrangeiros, Héctor Timerman. Nisman acusava tanto Kirchner como Timerman de obstrução à justiça, ao tentar proteger responsáveis iranianos da responsabilidade de um ataque a um centro judaico.
A morte de Nisman, que foi encontrado no dia 18 de Janeiro morto em casa com uma bala na cabeça, foi apresentada como um suicídio. Mas cada vez mais aumenta a especulação sobre o caso que está agora a ser investigado como “morte suspeita”.
A Presidente e o seu ministro (dois próximos aliados políticos) recusam a acusação de que tentaram um acordo secreto com o Irão para suspender os mandados de captura contra os responsáveis iranianos procurados em ligação com o ataque que provocou 85 mortos em troca de acordos comerciais com Teerão.
A emissão de um mandado de captura contra uma presidente em exercício seria um passo sem precedentes para Nisman. Quatro dias antes de morrer, o procurador tinha acusado Kirchner de obstrução à justiça. No dossier da acusação, o procurador não tinha incluído o documento agora encontrado no lixo.
A informação sobre a existência do rascunho tinha sido inicialmente avançada no domingo pelo diário Clarín. No dia seguinte, o chefe de gabinete de Kirchner rasgou o artigo do jornal em frente a um grupo de jornalistas. Na terça-feira à noite, a procuradora dizia que afinal existia um documento. “As palavras que deveria ter usado eram: ‘é evidente que há um rascunho’”, declarou entretanto Fein.
Se Nisman tivesse decidido avançar com o pedido de detenção da Presidente, o pedido teria de ser validado por um juiz e seguir um longo caminho judiciário até chegar ao Parlamento, onde teria de ser aprovado por uma maioria de dois terços, diz a agência AFP, concluindo que o processo estava condenado a falhar.
Nisman apresentou a acusação contra Kirchner em plenas férias judiciais na Argentina, não querendo esperar que os tribunais voltassem ao activo após a pausa que fazem durante o mês de Janeiro. O caso investigado por Nisman tem entretanto um novo encarregado, o juiz Daniel Rafecas, que está de férias e regressa a 20 de Fevereiro
Nisman, 51 anos, divorciado e pai de duas filhas, foi enterrado na quinta-feira. Numa sondagem, 70% dos argentinos estão convencidos de que a sua morte nunca será esclarecida.