PCP exige ministro da Solidariedade no Parlamento por causa da pobreza
Crescimento do fenómeno leva grupo parlamentar a convocar para esta quarta-feira um debate da actualidade para confrontar Pedro Mota Soares sobre as políticas do Governo.
“Estes debates de actualidade devem ter a dignidade que merecem e, aliás, neste, pela importância do assunto e do impacto que tem na vida das pessoas, não seria aceitável que o Governo se fizesse representar por um secretário de Estado. Naturalmente deve ser o ministro a responder por ela”, declarou aos jornalistas o deputado Jorge Machado, em Aveiro, distrito que o PCP escolheu para a realização das suas jornadas parlamentares.
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“Estes debates de actualidade devem ter a dignidade que merecem e, aliás, neste, pela importância do assunto e do impacto que tem na vida das pessoas, não seria aceitável que o Governo se fizesse representar por um secretário de Estado. Naturalmente deve ser o ministro a responder por ela”, declarou aos jornalistas o deputado Jorge Machado, em Aveiro, distrito que o PCP escolheu para a realização das suas jornadas parlamentares.
“Os dados do INE publicados recentemente relativamente aos rendimentos de 2013 dão conta do agravamento sem precedentes da pobreza no nosso país, isto é, nunca tivemos um agravamento tão significativo desde o 25 de Abril de 1974 e, para que se tenha consideração de que é que estamos a falar, estamos a falar de 25,9% da população em risco de pobreza – dois milhões e setecentos mil portugueses que vivem em risco ou em pobreza no nosso país”, declarou o parlamentar, sublinhando que “este Governo foi responsável por um agravamento em 30% dos indicadores de pobreza, atirando mais de 629 mil pessoas para a pobreza”.
Jorge Machado diverge do primeiro-ministro, que disse que o pico da pobreza em 2013 "é algo do passado e que corresponde a um cenário que já não se vive hoje em dia" e assegura que a "pobreza em 2014 e 2015 tenderá a agravar-se porque as medidas que foram tomadas em 2013 continuam permanentes na vida dos portugueses e nessa medida continuam todas as medidas de austeridade que atiraram cada vez mais pessoas para a pobreza".
O PCP justifica a realização deste debate de actualidade “tendo em conta o falhanço absoluto daquilo que são as opções políticas do Governo”, observa o deputado, frisando que o PCP “vai confrontar o Governo com as suas responsabilidades por este fenómeno e pelo desenvolvimento do fenómeno da pobreza que tem dimensões muito significativas”. “Nós vamos essencialmente demonstrar duas coisas: primeiro o agravamento da pobreza que se vive e, por outro lado, aquilo que é a política de concentração de riqueza”.
“Quero aqui salientar que no mesmo ano em que a pobreza aumentou de uma forma muito significativa, a concentração de riqueza dos grandes grupos económicos EDP, Galp, enfim, foi gigantesca. Aumentaram os seus lucros à custa daquilo que é a miséria fome dos portugueses. Isto é uma opção política do Governo”, acrescentou o parlamentar Jorge Machado.
“O PCP tem vindo a apresentar um conjunto de iniciativas legislativas em torno desta matéria: reposição dos salários e das reformas indevidamente cortadas”, esclareceu, acrescentando: “Aquilo que são os critérios justos de prestações sociais no subsídio de desemprego, no subsídio social de desemprego e no rendimento social de inserção, por exemplo, são algumas das medidas que nós já avançamos para colmatar esta injustiça com que estamos confrontados”.
“A verdade é que o Governo por muito que queira disfarçar é o responsável por este agravamento da pobreza e há uma política da distribuição de riqueza. Há uma política de distribuição de riqueza, uma política de rendimentos que promove efectivamente uma concentração em meia dúzia de pessoas de grupos económicos de uma cada vez maior fatia da riqueza nacional em detrimento daquilo que são milhões e milhões de portugueses que passam cada vez mais fome no nosso país”, concluiu.