Não vemos telejornais na TV pública por uma questão de respeito
Deixámos de ver os telejornais na televisão pública. Não por falta de saudades, não por não querermos ouvir a língua materna, mas por uma questão de respeito para com os nossos próprios princípios
Deixámos de ver os telejornais na televisão pública. Não por falta de saudades (ainda as temos), não por não querermos ouvir a língua materna (antes pelo contrário, queremos ouvir tudo quanto se passa na mesma e pela mesma), mas por uma questão de respeito para com os nossos próprios princípios, os quais não se compadecem dos insultos diários aos quais são sujeitos de toda a vez que o Papa relata o telejornal.
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Deixámos de ver os telejornais na televisão pública. Não por falta de saudades (ainda as temos), não por não querermos ouvir a língua materna (antes pelo contrário, queremos ouvir tudo quanto se passa na mesma e pela mesma), mas por uma questão de respeito para com os nossos próprios princípios, os quais não se compadecem dos insultos diários aos quais são sujeitos de toda a vez que o Papa relata o telejornal.
O Papa não é mais do que o representativo máximo da informação pública, e por se achar dono de tão excelsa posição, acha-se no direito de fazer da informação, pública por direito, a sua própria página pessoal do Facebook, desde referências diárias a sua Santidade (daí o cognome), passando pelos alaridos esganiçados de toda a vez que o Governo lhe vai ao bolso (dele, mas também de todos nós, aqueles que não auferem ou, a auferir, auferem mal, e auferem pouco), incluindo extensos relatos sobre a única estrela da Galáxia cujo brilho iguala o seu (o CR7, pois claro), terminando com um piscar de olho de toda a vez que meia dúzia de moçoilas se despem em "lingerie" no fecho de mais um telejornal, para gáudio da senhora sua esposa a qual já desistiu de se despir do mesmo modo, ao invés desligando a televisão ou, simplesmente, mudando de canal.
No entanto, e apesar das críticas supra mencionadas, não é de todo minha intenção usar o espaço público para discorrer um ror de insultos a sua Santidade. Não. De insultos está já a internet cheia. Ao invés, pretendo congratular toda uma Nação que agora se levanta contra as regras e contra as normas instituídas por anos de (má) televisão pública, os quais foram por demais eficientes ao adormecer um País, um povo e uma voz durante quase tanto tempo como o da Ditadura. Viva a Democracia, mas não esta, a nossa. Porque o jornalismo e os interesses por si defendidos de público têm pouco e de privado têm muito. E até agora Portugal tem comido à colherada tudo quanto lhe dão. "No more".
Ouvi dizer que lá para os lados da Grécia se passa o mesmo, que as pessoas agora querem falar e agora querem gritar e agora querem comer... uma chatice portanto, até porque a seguir vão querer a reforma agrária e lá vamos nós outra vez de charola para o Brasil... sim, já vimos este filme, até que veio o Bochechas para nos salvar a todos, e de caminho trazer de volta a casa aquele senhor do bés que por acaso até faliu um banco centenário e um País inteiro por arrasto (tudo boa gente).
Sim, lá para os lados da Grécia puseram o povo a falar nas ruas, porque sem casa, porque sem tecto, porque sem trabalho, sem reformas e sem salários. E tenho um dedo que adivinha que o mais provável é morrerem todos à fome. Mas quem morre de fome, morre de pé, e na morte a vitória e a certeza de não pagar nem mais um tostão. Segurem-se portanto: os tambores acabaram de rufar e os tambores ainda estão quentes, e de pouco importa se se perde uma batalha quando a coragem e a vontade são em tudo maiores que a História. Saibamos nós contá-la.