Não quer guerra, não faz bluff. E gosta de rir de si próprio

Iconoclasta, irónico, culto, criativo. É assim que Yanis Varoufakis, o novo ministro das Finanças grego, é descrito por aqueles que o conhecem. Tem amigos chegados em Portugal, uma filha na Austrália, alunos devotos no Texas e muitos problemas para resolver em Atenas

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Há uma diferença fundamental entre aquilo que nós dizemos e aquilo que a imprensa internacional diz que nós dizemos. Nós não queremos entrar em guerra com ninguém na União Europeia. Nós não fazemos bluff. Não ameaçamos ninguém. Nem sequer queremos negociar… Queremos deliberar em conjunto. Nós não queremos impor as nossas ideias ao resto da Europa. Somos demasiado pequenos, e demasiado falidos, para o fazer.” A declaração de Yanis Varoufakis, que contraria muitas das ideias que — à esquerda e à direita — têm prevalecido sobre a vitória do Syriza nas eleições gregas do passado domingo, foi feita ao telemóvel, olhando “pela janela do Parlamento grego”, numa curta pausa do frenético ritmo imposto pelos acontecimentos, na manhã de quarta-feira, 28 de Janeiro.

A curta entrevista, ao programa Late Night Live, do canal australiano ABC, tem uma razão emotiva. Yanis Varoufakis tem dupla nacionalidade (grega e australiana), viveu em Sydney e, mais importante, é lá que mora a sua filha. Quem o conhece sabe que tem certos dias, por mês, em que está “indisponível” para encontros, palestras ou reuniões. É a altura em que se junta a ela.

Mas não é só por razões afectivas que Varoufakis é ouvido, com atenção, a tantos quilómetros de distância. O apresentador da ABC compara-o a Obama, pela “esperança” que uma mudança política na Grécia pode trazer à Europa e ao mundo. Varoufakis rejeita a comparação.

No seu blogue, na noite de domingo passado, depois de conhecida a vitória do Syriza (coligação da esquerda radical) nas eleições legislativas, ainda antes de ser confirmado como ministro das Finanças, escreveu citando expressões de um conhecido poema do galês Dylan Thomas: “A democracia grega escolheu hoje deixar de entrar docilmente na noite. A democracia grega decidiu odiar a luz que começava a morrer.”

A escolha do poema para epígrafe deste novo tempo não se destaca apenas por ser uma citação. “Ele tem uma grande cultura literária”, diz-nos Stuart Holland, seu amigo inglês há mais de dez anos, que passa a maior parte do seu tempo em Portugal.

Falamos a seguir de outra citação literária famosa no percurso político recente de ambos.

Holland e Varoufakis assinaram uma “Modesta proposta para resolver a crise da zona euro”, em Novembro de 2010. Havia uma “Modesta proposta...” original, de 1729, do escritor Jonathan Swift, só que não falava de euro, nem de finanças… Ou melhor, falava, mas não da forma como hoje essas coisas se discutem. O seu título completo é: Uma modesta proposta para prevenir que, na Irlanda, as crianças dos pobres sejam um fardo para os pais ou para o país, e para as tornar benéficas para a República (tradução de Helena Barbas). O conteúdo da “proposta” de Swift, ao contrário da de Varoufakis e Holland, resume-se numa ideia, satírica: as crianças dos pobres da Irlanda seriam muito úteis para a economia se fossem vendidas como comida para os ricos. “A escolha do título de Swift é dele”, revela Holland.

A partir de Swift, a mera menção a qualquer “modesta proposta” é, imediatamente, vista como uma sátira. E não apenas como uma ligeira ironia, mas como uma completa, pesada, tremenda, e jamais-para-levar-a-sério solução burlesco-política. E, ainda assim, Varoufakis quis chamar à sua proposta “modesta”. Stuart Holland, que tem a sua quota de sentido de humor britânico, alinhou. E ninguém os tomou por humoristas.  

A proposta não pretendia “solidariedade” do Norte da Europa, nem implicava uma “mutualização” da dívida entre Estados (nenhum contribuinte europeu de um país “rico” teria de financiar dívidas de outros países da UE). Assenta num “aval” do Banco Central Europeu (BCE) até um limite de 60% da dívida face ao PIB dos Estados do euro (para cumprir as metas de Maastricht). Esse aval traduz-se numa “conta” que cada Estado abre no BCE e cujo valor tem de amortizar. A dívida mantém-se, mas garantida pelo “fiador”, o BCE.

Em Dezembro de 2011, encontrámo-los em Bruxelas, onde estavam precisamente a persuadir os grupos parlamentares europeus a seguir a sua ideia, no auge da chamada “crise da dívida soberana”, já depois das intervenções da troika na Grécia, na Irlanda e em Portugal, e quando se temia o “efeito de contágio” às mais poderosas economias de Espanha e de Itália.

Varoufakis e Holland sentaram-se connosco, numa barulhenta cantina do Parlamento Europeu, e começaram a explicar o que significava a parte “modesta” da sua ideia. Varoufakis acabara de regressar de uma viagem aos Estados Unidos, onde se reuniram com alguns representantes de fundos de investimento (o Pimco, por exemplo) e outros tubarões de Wall Street, para apresentar a proposta sobre a dívida europeia. Foi muito elogiado e recebido pelos responsáveis da Reserva Federal. “Quando vemos que a nossa proposta ganha adeptos tão diferentes, de grupúsculos comunistas à UBS, a Wall Street, a primeira coisa de que temos a certeza é que se trata de um plano racional. A segunda é que os problemas do euro são, afinal, mais simples de solucionar do que se supõe.”

A primeira conclusão a que se chega, ao fim de poucos minutos de conversa com Yanis Varoufakis, é que ele gosta mesmo de rir. E de rir de si próprio, também. Gosta de contradições. “Sou um marxista-libertário. É uma contradição, eu sei…”, disse, já depois de eleito. Antes dissera-se um “marxista errático”. Ou um “economista acidental”. Como é ser ministro, perguntaram-lhe agora. “Estou absolutamente em choque. Isso só mostra o estado desastrado a que chegou o mundo.”

No perfil divulgado no PÚBLICO, na quarta-feira, apontámos um aparente paradoxo. Varoufakis é, simultaneamente, um radical e um moderado. Os leitores do jornal reagiram mal, nas redes sociais. “O que é um radical moderado?”, perguntaram. Devolvemos a pergunta a Stuart Holland: “Qualquer pessoa devia ser radical, não apenas no que diz respeito ao desastre social e económico da Grécia, mas também ao que se passa na zona euro, que se deve não só a um pensamento económico desajustado, mas também ao estado de negação, e em certos aspectos à ignorância do que pode ser feito dentro das actuais regras dos tratados — e, nessa medida, ser também moderado.”

Yanis Varoufakis gosta de ilustrar a sua forma de pensar com imagens claras e raramente simplistas: “A Grécia é um país caracterizado por ineficiências, carências, corrupção, desde o século XIX. Mas só estamos a falar agora da Grécia porque há uma crise na União Europeia. Nós somos responsáveis por termos sido a primeira peça a cair, mas não pelo efeito dominó”, disse à rádio australiana.

A forma que encontrou, como vimos, de resolver o problema da peça passava por impedir a queda do dominó inteiro. A “modesta proposta” foi subscrita por políticos europeus tão influentes como Jacques Delors, Felipe González e Giuliano Amato. Mas nem só do centro-esquerda chegaram os seus apoios. Assinaram ainda o texto de Varoufakis o liberal Guy Verhofstadt (ex-primeiro-ministro belga), o conservador Giulio Tremonti (ex-ministro de Silvio Berlusconi) e até um actualmente céptico sobre a vitória do Syriza, o primeiro-ministro inglês, David Cameron, que chegou a pedir-lhe que desenvolvesse a ideia para que o Governo britânico a pudesse apoiar.

Para Varoufakis, tratava-se de “parar uma queda livre” e por isso era tão importante falar com todo o espectro político. “É o mais próximo a que chegamos de uma solução técnica que transcende a ideologia.”

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A primeira reunião do novo Governo, no Parlamento, no dia 28 de Janeiro LOUISA GOULIAMAKI/AFP

Holland, de 74 anos, conheceu Varoufakis, 53, “há mais de dez anos”, em Atenas. Ficaram amigos. Yanis Varoufakis dirigia o departamento de Economia da universidade da capital grega e convidou o inglês para leccionar uma série de seminários. Stuart aceitou. Há 25 anos que se dedica, a tempo inteiro, ao ensino. Mas já esteve, como o amigo grego, no centro do furacão da política. Acabado de sair de Oxford, onde se formou em História e Teoria Política, foi contratado para assessor do primeiro-ministro Harold Wilson. Negociou com o Governo de De Gaulle uma segunda tentativa de adesão do Reino Unido à Comunidade Europeia. Wilson acabaria por se opor e Holland demitiu-se. Voltou a Oxford onde se doutorou em Economia. Foi o ministro-sombra dos trabalhistas para a área económica durante os anos de Margaret Thatcher. Acabou por abandonar Westminster para se dedicar ao ensino, dando aulas em várias universidades europeias até acabar por fixar residência em Coimbra, onde é professor visitante na Faculdade de Economia.

Talvez isso ajude a explicar o interesse com que Yanis Varoufakis segue a situação portuguesa. No seu blogue, no ano passado, explicou porque foi um dos 70 economistas estrangeiros que subscreveram o manifesto pela reestruturação da dívida portuguesa. Foi Francisco Louçã, um dos autores do texto (que juntava 74 economistas portugueses, do CDS ao BE), quem o contactou. “Mostrou logo imensa disponibilidade. Conhecia o seu trabalho. É muito criativo. O plano que trabalhou era engenhoso, mas agora vai confrontar-se com as limitações dessa proposta”, prevê Louçã.

Apesar de antever um limite para a criatividade de Varoufakis, que será o momento em que, para Louçã, a Grécia terá de decidir “pagar ou não pagar”, o economista português enviou-lhe, esta semana, uma tradução em inglês da sua proposta (em parceria com Ricardo Cabral, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos) de reestruturação da dívida portuguesa.

Mesmo nestes dias cheios de medidas económicas — desde que chegou ao Governo, na terça-feira, o Syriza já cumpriu algumas promessas eleitorais com impacto nas contas públicas, como a subida do salário mínimo de 580 para 750 euros —, Varoufakis tem tido tempo para falar com os amigos em Portugal.

“Temos mantido o contacto”, revela Holland. Também com Rui Tavares, o criador da rede Ulisses (para promover a ideia de um relançamento económico da Europa a partir do Sul), que Varoufakis integra, houve tempo para trocar algumas mensagens. Como aquela que respondia, em plena noite de vitória eleitoral, aos parabéns do português: “Obrigado, Rui. Agora é a tua vez.”

Tavares conheceu Varoufakis em Bruxelas, quando era eurodeputado, e ficou conquistado pelas ideias pouco convencionais do grego. “Até então eu falava muito da mutualização da dívida. Depois de conhecer as propostas dele, passei a pensar de outra forma.” Mas não foi só de dívida, e de economia, que os dois falaram. Falaram muito, por exemplo, “de arte”.

Varoufakis tinha regressado a Atenas, depois de um longo interregno, quando a arte passou a fazer parte do seu dia-a-dia. Resumindo o seu currículo académico: licenciou-se em Matemática e Estatística, doutorou-se em Economia em Inglaterra (Essex), ensinou em Cambridge. E depois foi viver para Sydney, Austrália, onde se casou, foi pai e viveu, até ao divórcio, em 2000. Regressou, então, a Atenas. Um dia foi convidado para uma entrevista diferente. A artista plástica grega Danae Stratou preparava uma instalação e queria conversar com vários académicos sobre o projecto. A ideia era: os muros e as fronteiras estão a espalhar-se por todo o mundo, depois de uma fase em que pareciam condenados a ser uma relíquia do passado.

Danae convidara juristas, arquitectos e alguém lhe sugeriu aquele economista. Não se conheciam. Meses depois, estavam a viajar juntos: do Kosovo a Israel, do Egipto à Etiópia, dos Estados Unidos a Caxemira. Ela a fotografar e a filmar, ele a escrever. Além de uma instalação e de um livro (Globalising Walls), em 2008, a entrevista deu também um casamento.

E é então que se dá uma reviravolta ainda maior na já agitada vida de trota-mundos de Varoufakis. A crise financeira de 2007, que começou nos Estados Unidos, alastrou à Europa. A Grécia foi a primeira “peça do dominó”…

Yanis Varoufakis foi, durante dois anos (2004-2006), conselheiro do primeiro-ministro Giorgios Papandreou. Conhecia bem, e de perto, a realidade grega. Mas era, também, aquilo de que o resto do mundo precisava: um economista grego fluente em inglês (apesar do sotaque). Começa a ser um convidado cada vez mais regular das cadeias televisivas internacionais: CNN, Bloomberg, BBC. “Tornei-me uma celebridade menor”, escreve no seu blogue, mais uma vez rindo de si próprio.

“Antes de rebentar a crise do euro, em 2009, eu era apenas mais um professor de Economia, metido nos meus pequenos empreendimentos teóricos, escrevendo teses obscuras e livros esotéricos que apenas umas escassas centenas de casos clínicos (como eu) alguma vez iriam ler, terrivelmente satisfeito no meu casulo académico. Nessa altura, eu nunca poria a hipótese de não responder a um email.” Enfim, a sua vida, como diz, “transformou-se do dia para a noite”.

Um “efeito secundário” dessa transformação foi, precisamente, a quantidade inusitada de emails que passou a receber. Apagava-os, quando lhe soavam a disparate. Um deles não apagou, quase por acaso. Começava assim: “Sou o presidente de uma empresa de videojogos…”

Era um convite laboral, de uma empresa americana. Por sorte, Varoufakis e a mulher tinham viagem marcada para os EUA, onde iam falar sobre o seu livro conjunto. Fizeram um ligeiro desvio ao programa e marcaram dois dias em Seattle, onde iriam conhecer a misteriosa Valve, a tal empresa de videojogos. Logo ao primeiro contacto percebeu que aquele grupo de pessoas “não era apenas estranho, era maravilhoso”. E mais: a comunidade económica que tinha criado com os seus jogos era “o sonho concretizado de um economista”.

Usando a sua linguagem desbragada, Varoufakis explica porquê: “Encaremos o facto: a econometria é um travesti.” Ou seja, é uma disciplina que “finge” ter alguma ligação com a realidade, e com a estatística, mas no fundo não passa de “astrologia de computador”.

Isto, explica Varoufakis, impede que os métodos da econometria permitam avaliar, em retrospectiva, um “se” muito importante: e se não tivesse havido New Deal? E se não tivesse havido injecção de dinheiro público na crise do subprime?

Num ambiente “virtual”, com a complexa teia económica criada pela comunidade de jogadores, Varoufakis podia fazer duas coisas, explica: “ultrapassar a fronteira entre economia ‘real’ e digital” e recolher importantes “lições de economia política”.

O acordo foi fechado: seria um dos primeiros “economistas residentes” numa empresa deste tipo (o primeiro foi o islandês Eyjólfur Guðmundsson, a quem Yanis agradeceu “por fazer crer que o meu nome é quase pronunciável”).

E não era uma empresa qualquer… A Valve tem uma organização flat, horizontal, na qual não existem hierarquias. A produção de videojogos não se faz a partir de nenhuma planificação central, com tarefas distribuídas. A empresa organiza-se em equipas, e é cada equipa que decide o que vai fazer.

É aquilo a que Varoufakis chama uma “ordem espontânea alternativa” que contrasta com a tradicional organização das empresas. “O sistema actual de governo das empresas está obsoleto. Repleto de hierarquias que desperdiçam o talento e as energias, misturadas com finanças tóxicas, dependentes de estruturas políticas que estão a perder legitimidade. Uma nova forma de empresa pós-capitalista, descentralizada, mais tarde ou mais cedo, vai surgir.”

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O eleitorado grego votou no plano do Syriza para “um new deal baseado no investimento público” Miguel Manso

É esta a convicção do homem que vai entrar, pela primeira vez, no Eurogrupo. Um ministro que considera que o que precisamos, mesmo, é de “um new deal baseado no investimento público”, que ajude a combater as três crises: a da dívida, a do crescimento e a bancária.

Por falar nisso… “Precisamos de bancos chatos.” Chatos? A frase foi dita depois de Yanis ter feito uma quase directa. Dormiu três horas nessa noite. Foi a noite em que a Grécia quase teve um golpe de Estado, depois de o Governo de Samaras, o anterior primeiro-ministro, derrotado no domingo, ter decidido fechar a televisão pública (que o Syriza promete reabrir). Varoufakis tinha combinado com Rui Tavares que gravaria um depoimento para o documentário Ulisses. Mas os acontecimentos daquele dia 12 de Junho de 2013 impediram-no de comparecer à gravação. A equipa que filmava o documentário só podia no dia seguinte, às 8 da manhã. E lá apareceu. Gravou duas versões do que disse, uma em grego e outra em inglês. E lá explicou o que queria dizer com bancos “chatos”. São aqueles que recebem o nosso dinheiro, a um juro baixo, emprestam-no a empresas, estados e pessoas a um juro mais alto, e vivem bem assim.

E essa não é a única coisa na cabeça de Varoufakis que faz os mercados suspeitarem mais do seu “radicalismo” do que da sua “moderação”. A prioridade do seu Governo é combater “a crise social e humanitária”. Isso passa por aumentar o nível de rendimentos da população, mas também por um crescimento da despesa do Estado. Um choque frontal com a troika. E com prazos apertados: a Grécia tem de reembolsar 6,7 mil milhões de euros nos próximos dias 20 de Julho e 20 de Agosto.

Ele próprio costuma dizer que tem pelo frente uma “hidra”. “Corta-se uma cabeça e outra volta a nascer…”

Isto tudo, quando tinha uma vida calma, afinal. Dava aulas no Texas, na Lyndon B. Johnson School of Public Affairs, onde os seus alunos o elegeram como “melhor professor”. Tinha uma actividade cívica e política importante, sim, mas que podia conjugar com o resto. Com as viagens à Austrália, para estar com a filha, e com o estudo. Até as suas polémicas intelectuais vão ter de ficar entre parêntesis, agora. Há poucos meses, destacou-se como um dos poucos economistas de esquerda a criticar o francês Thomas Piketty pelo seu Capital no Século XXI. Cheio de argumentos económicos, e com a sua verve habitual, acusou-o de ter “uma visão ultra-simplificada do capitalismo”.

Agora, o mundo vai estar sempre do lado de fora de uma janela, como a do Parlamento, quando falava por telemóvel para a Austrália, ou a das salas de reuniões de Bruxelas.

E, além dos problemas que terá de resolver, há um outro que não foi criado por ele nem por nenhum grego que o tenha antecedido, diz: “O fardo das expectativas…”

Yanis Varoufakis sabe que há muita gente que espera dele uma mudança real. À ABC australiana contou que, durante a campanha, deu uma entrevista a um jornal espanhol, que levava um intérprete grego. Esse intérprete, no fim, contou-lhe em grego, sem que os jornalistas ouvissem, que era, antes da crise, professor de línguas. Ficou desempregado. Perdeu a casa. Agora vive na rua e tem trabalhos esporádicos.

Talvez o fardo seja demasiado pesado. O que pensa o ministro das Finanças: “Nós queremos abrir uma pequena porta para a luz de Dylan Thomas entrar.”