Menos de quatro anos depois, o Lazard volta à Grécia por causa da dívida pública

Instituição financeira esteve envolvida no maior corte de dívida de sempre.

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Nuno Ferreira Santos

Neste caso, o novo Executivo recorreu não só a uma das instituições financeiras que mais sabe do assunto, como esteve envolvida ao lado do Governo formado pelos socialistas do Pasok no perdão de 2012, que reduziu em 100 mil milhões de euros o pagamento aos credores privados (o maior corte da história). A contratação do Lazard é um sinal claro que Atenas quer debater a sério o problema da dívida, preparando-se para esse confronto, numa altura em que a troika de credores (Comissão Europeia, BCE e FMI) recusa o cenário de um novo corte.

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Neste caso, o novo Executivo recorreu não só a uma das instituições financeiras que mais sabe do assunto, como esteve envolvida ao lado do Governo formado pelos socialistas do Pasok no perdão de 2012, que reduziu em 100 mil milhões de euros o pagamento aos credores privados (o maior corte da história). A contratação do Lazard é um sinal claro que Atenas quer debater a sério o problema da dívida, preparando-se para esse confronto, numa altura em que a troika de credores (Comissão Europeia, BCE e FMI) recusa o cenário de um novo corte.

Em 2011 e 2012, Atenas contratou também os serviços, na área legal, da Cleary Gottlieb, através de uma equipa liderada por Lee Buchheit. Especialista em reestruturações de dívida soberana (trabalhou com países como a Venezuela ou a Argentina), Lee Buchheit já afirmava ao PÚBLICO, em Novembro de 2012, que a reestruturação ocorrera demasiado tarde, quando a Grécia já tinha a maior fatia da sua dívida nas mãos dos credores oficiais (Europa e FMI). Sobre as negociações, contou que este não tinha sido um caso normal, com uma discussão bilateral, mas antes uma “discussão tripartida”. E isso “torna tudo muito mais complicado, porque nem mesmo os credores oficiais concordavam entre eles”, recordou, dando o exemplo do BCE, que se opôs a esta estratégia.

Para Lee Buchheit, os líderes europeus temeram na fase inicial que, se enveredassem por uma reestruturação da dívida, houvesse um efeito de contágio a outras economias do euro. Depois, qualquer perdão da dívida helénica iria infligir perdas nos balanços dos bancos do Norte da Europa (como os alemães). Assim, ou emprestavam dinheiro a Atenas ou tinham de recapitalizar os seus bancos. Optaram pelo primeiro caminho.

Quando chegou a fase de dizer que não se ia pagar parte da dívida a quem tinha títulos do Estado, muito do dinheiro estava então nas mãos das instituições oficiais, atenuando os efeitos do corte em 2012. Quando falou ao PÚBLICO, o advogado norte-americano já mencionava como provável uma nova reestruturação da dívida, agora da que passara para as mãos dos credores oficiais. “A questão é saber quando, e isso é mais uma questão política do que financeira”, concluiu.