Pobreza: presidente da Cáritas diz que "é urgente fazer-se alguma coisa”

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"Era preciso efectivamente que essa esperança tão apregoada nos últimos tempos que não fosse contradita por esses números", diz Eugénio Fonseca enric vives-rubio

Em declarações aos jornalistas em Fátima, distrito de Santarém, Eugénio Fonseca comentava os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que na sexta-feira revelaram que o risco de pobreza continuou a aumentar em Portugal em 2013, afectando já quase dois milhões de portugueses.

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Em declarações aos jornalistas em Fátima, distrito de Santarém, Eugénio Fonseca comentava os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que na sexta-feira revelaram que o risco de pobreza continuou a aumentar em Portugal em 2013, afectando já quase dois milhões de portugueses.

Para o responsável, não é apenas o ministério tutelado por Pedro Mota Soares que "tem a responsabilidade da luta contra a pobreza", mas também a Economia, a Educação, a Justiça e as Finanças.

"Portanto, todo este plano estratégico devia ser coordenado ao mais alto nível pelo gabinete do próprio senhor primeiro-ministro", adiantou o presidente da Cáritas Portuguesa, defendendo neste processo "uma ligação de grande corresponsabilidade da sociedade civil".

Segundo os dados do INE, 19,5% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2013 face aos 18,7% do ano anterior. Isto significa que Portugal voltou aos níveis de pobreza de há dez anos: em 2004, a taxa era de 19,4%, em 2005 de 18,5%, em 2011 já tinha descido para 17,9%, tendo voltado a subir, como se viu, em 2012 e 2013.

Para o presidente da Cáritas Portuguesa, "é verdade que há crescimento económico em Portugal, mas é para a macroeconomia, não é para as economias familiares que continuam empobrecidas".

"E era preciso efectivamente que essa esperança tão apregoada nos últimos tempos que não fosse contradita por esses números que, como sempre, não são reais", declarou, observando que os dados se reportam a 2013 e "não é possível" estar a "medir-se a pobreza com quase dois anos de distância".

A este propósito, Eugénio Fonseca recordou que no relatório da Cáritas Europa "já se apontava no ano passado para cerca de dois milhões e 750 mil portugueses em risco de pobreza".

O presidente da Cáritas Portuguesa considerou que "não há melhor forma de lutar contra a pobreza senão por via da educação e por via da autonomia financeira e económica".

"Isso faz-se criando mais postos de trabalho, mas com dignidade, com salários dignos, porque há pessoas que não estão desempregadas mas estão empobrecidas porque os salários não chegam para satisfazer os encargos para a sua digna subsistência", defendeu.