Jovens contrariam tendência de descida ténue do desemprego
A taxa de desemprego dos jovens subiu para 34,5% em Dezembro, em contraciclo com a redução do desemprego verificada na recta final do ano passado.
O Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou nesta quinta-feira as estimativas mensais de emprego e desemprego de Dezembro, dá conta de 127 mil jovens dos 15 aos 24 anos sem emprego. Trata-se de um aumento de 4100 pessoas face a Novembro e é preciso recuar a Junho de 2013 para encontrar um aumento semelhante.
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O Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou nesta quinta-feira as estimativas mensais de emprego e desemprego de Dezembro, dá conta de 127 mil jovens dos 15 aos 24 anos sem emprego. Trata-se de um aumento de 4100 pessoas face a Novembro e é preciso recuar a Junho de 2013 para encontrar um aumento semelhante.
Em consequência deste aumento, a taxa de desemprego jovem subiu para 34,5%, mais 1,1 pontos percentuais do que em Novembro e menos 0,7 pontos do que no mesmo mês de 2013.
Embora as perspectivas tenham melhorado face a 2013, os números mostram que se trata do recuo menos expressivo dos últimos 17 meses.
Do lado do emprego os jovens também estão entre os mais penalizados, uma vez que foram o grupo em que se verificou maior perda de postos de trabalho.
Olhando para o panorama global, a taxa de desemprego é de 13,4% (ajustada da sazonalidade). Reduziu-se 0,1 pontos percentuais face a Novembro e 1,8 pontos percentuais face ao último mês de 2013, quando a taxa de desemprego estava nos 15,2%.
Segundo o INE, havia 689,6 mil pessoas desempregadas, o que representa menos 4800 em comparação com o mês anterior e menos 99.300 do que no ano anterior.
A taxa de desemprego sem ter em conta os efeitos sazonais foi de 13,6%, tendo-se mantido face a Novembro e caído 1,8 pontos percentuais face a Dezembro de 2013.
A melhoria da taxa de desemprego está relacionada, realça o instituto na nota divulgada à imprensa, com o decréscimo da população empregada e com o aumento do emprego.
João Cerejeira, economista e professor na Universidade do Minho, alerta que os dados mensais devem ser lidos com cautela, por se tratar de uma sub-amostra da amostra utilizada pelo INE no inquérito trimestral. Mas ainda assim, confessa que ficou "supreendido" com o uamento do desemprego jovem, numa altura em que o emprego cresce mais do que o desemprego desce. "É preciso esperar pelos dados trimestrais para percebermos melhor as causas", refere.
O economista destaca que, do ponto de vista global, "há um conjunto de sinais que vão no bom sentido", nomeadamente a melhoria dos indicadores de confiança divulgados também nesta quinta-feira pelo INE, o que o leva a ter "boas perspectivas para a evolução do emprego nos próximos meses".
Emprego recupera
O mês de Dezembro trouxe uma recuperação do emprego, interrompendo a tendência decrescente que se iniciou em Setembro, após um período de sete meses consecutivos de crescimento continuado no emprego (de Fevereiro a Agosto de 2014).
A população empregada aumentou para 4441,5 mil pessoas, o que representa mais 6400 postos de trabalho do que em Novembro e mais 51.500 em comparação com 2013.
O aumento do emprego ocorreu entre a população masculina e adulta. Já entre as mulheres e os jovens diminuiu, com maior expressão entre os que têm entre 15 e 24 anos (queda mensal foi de 1,4%).
A criação líquida de postos de trabalho na recta final do ano foi insuficiente para travar a queda de desemprego verificada desde Setembro. Em quatro meses, a economia portuguesa perdeu quase 18 mil empregos.
Se recuarmos a Maio de 2011, quando foi assinado o memorando de entendimento com a troika de credores, a redução líquida de emprego ascendeu a 253 mil postos de trabalho.
Os dados apresentados pelo INE nesta quinta-feira foram sujeitos a uma revisão, o que influencia os números de Novembro (que tinham sido tornados públicos no início de Janeiro). Embora a tendência identificada anteriormente pelo INE se mantenha, a taxa de desemprego foi revista de 13,9% para 13,5%. Também a população empregada sofreu um ajustamento que leva a que a redução do emprego tenha sido menor do que o estimado. Nos dados apresentados inicialmente, apontava-se para uma redução de 28.200 postos de trabalho entre Setembro e Novembro. Afinal, foi de 24.300 empregos.
Na próxima semana, o INE vai divulgar os resultados do último trimestre e a evolução do mercado de trabalho em Portugal ao longo de 2014. Porém, há diferenças metodológicas entre os números trimestrais e os mensais a ter em conta. O instituto explica que, enquanto as estimativas mensais consideram o grupo dos 15 aos 74 anos, as trimestrais analisam o grupo dos 15 e mais anos.
Além disso, as estimativas mensais encontram-se disponíveis com e sem ajustamento de sazonalidade, enquanto as trimestrais não têm em conta as oscilações do mercado de trabalho relacionados com os picos de actividade que ocorrem em determinadas alturas do ano.
Esta quinta-feira, o ministro do Emprego e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, afirmou que a queda do desemprego "dá esperança e confiança aos portugueses" que querem regressar ao mercado de trabalho e destacou o facto de o INE ter revisto em baixa as taxas de Outubro e Novembro.
Já o secretário-geral do PS, António Costa, recebeu os números com cautela e voltou a lembrar que o problema só se resolve com uma “nova orientação política”. “Sempre que o desemprego se reduz, o sinal é obviamente positivo, mas a questão é a de saber se é suficiente e se é consistente", disse, citado pela Lusa.