OIT diz que plano Junker pode incentivar criação de dois milhões de empregos
Organização alerta que impactos só serão sentidos se o dinheiro for canalizado para os países mais necessitados.
A criação de postos de trabalho, de acordo com a organização, oscilará entre 1,8 e dois milhões, acima do esperado pela própria Comissão Europeia. No documento divulgado em meados de Janeiro, Bruxelas prevê que o investimento de 315 mil milhões de euros ao longo dos próximos três anos permita criar entre um e 1,3 milhões de novos empregos.
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A criação de postos de trabalho, de acordo com a organização, oscilará entre 1,8 e dois milhões, acima do esperado pela própria Comissão Europeia. No documento divulgado em meados de Janeiro, Bruxelas prevê que o investimento de 315 mil milhões de euros ao longo dos próximos três anos permita criar entre um e 1,3 milhões de novos empregos.
A OIT alerta que para ter sucesso ao nível do emprego, o plano deve incluir uma parte significativa de investimento privado e deve dar resposta às grandes disparidades de desemprego existentes na Europa, de modo a que as economias mais necessitadas e com taxas de desemprego mais elevadas (como é o caso da Grécia ou Espanha) possam beneficiar do fundo.
Só assim, defende a organização, se podem esperar impactos significativos no emprego. “Na ausência destas duas condições, o plano fará pouca ou nenhuma diferença nas perspectivas de emprego da União Europeia”, avisa a OIT.
“O desafio é evitar um cenário de business as usual que leve a que os fundos sejam desviados dos países e sectores que mais precisam”, refere o relatório divulgado nesta quarta-feira.
Adicionalmente, acrescenta, o plano tem de vir acompanhado de um estratégia de emprego de longo prazo, focada na qualidade e em reformas equilibradas.
Concentração do investimento em poucos países
O documento faz uma análise ao destino geográfico do financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI) entre 2007 e 2013 e conclui que existe “um alto grau de concentração” em países como a França, Alemanha, Itália e Reino Unido, que receberam receber mais de 45% de todo o financiamento.
“É importante notar que, nos últimos anos, o aumento desproporcionado dos níveis de desemprego que ocorreu em alguns países não foi acompanhado por um aumento do financiamento do BEI. E dá como exemplos a Grécia, “que actualmente recebe apenas 2,3% do financiamento total do BEI dado aos Estados-membros, ao mesmo tempo que alberga 5,1% dos desempegados da UE”, e a Espanha, que “recebe 16,6% do total do financiamento do BEI e tem 23,1% do total de desempregados”.
Apesar dos alertas, Raymond Torres, director do departamento de pesquisa da OIT, considera que o plano Junker “pode complementar as medidas de carácter monetário anunciadas pelo Banco Central Europeu, encorajando o investimento privado, o crescimento e a criação de emprego”.