Lisboa: vamos ao Castelo de funicular, elevador ou nas escadas rolantes?
Vão ser criados três “percursos pedonais assistidos” com recurso a um funicular, a escadas rolantes e a um elevador
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Com um funicular, umas escadas rolantes e um elevador, a Câmara de Lisboa quer oferecer melhores acessibilidades a quem reside na Colina do Castelo, mas também facilitar a vida aos turistas que procuram chegar àquele que é um dos monumentos mais visitados do país. Os estudos para a instalação destes meios mecânicos estão concluídos e o vereador do Urbanismo acredita que as obras poderão arrancar entre o fim deste ano e o início do próximo.
Em causa está a criação de três “percursos pedonais assistidos”, todos eles “com recurso à instalação de meios mecânicos de mobilidade suave assistida”. Na proposta que vai ser discutida na reunião camarária da próxima semana explica-se que estas propostas integram o Plano de Acessibilidade Suave e Assistida à Colina do Castelo, desenvolvido em 2009, e visam “atenuar as barreiras impostas pela topografia do terreno e pelas características do tecido urbano desta área histórica”.
Em declarações ao PÚBLICO, o vereador do Urbanismo manifestou a expectativa de que pelo menos duas destas obras possam ter início ainda este ano, arrancando uma terceira no início de 2016. De acordo com Manuel Salgado, cada uma destas empreitadas deverá levar qualquer coisa como “um ano, um ano e pouco” a estar concluída, estando previsto que a sua gestão seja depois assumida pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa.
“Procurámos soluções que tivessem um menor impacto e se adaptassem a cada uma das situações. Em vez de fazermos grandes estruturas que teriam grande visibilidade, optámos por pequenas intervenções, quase cirúrgicas”, explica o arquitecto. O primeiro dos percursos cujo estudo a maioria pretende agora aprovar visa ligar o Miradouro Sophia de Mello Breyner Andersen (miradouro da Graça) à “Alta Mouraria”, através de um funicular. Locais que, constata-se em documentação de suporte à proposta, “apesar da sua proximidade geográfica permanecem separados por inúmeros obstáculos (...), que constituem factores dissuasores da circulação pedonal e do seu pleno usufruto”.
Com o segundo percurso pretende-se estabelecer “uma ligação contínua” entre o Martim Moniz e o Castelo de São Jorge, oferecendo a quem aí procura chegar “condições de maior conforto e segurança”. Nesse sentido serão instalados três lanços de escadas rolantes a céu aberto, entre o Martim Moniz e a Rua Marquês da Ponte de Lima, entre essa artéria e a Costa do Castelo e entre a Costa do Castelo e o monumento nacional que se ergue no cimo da colina.
Finalmente, um terceiro percurso irá unir, através de um elevador a colocar no interior de um edifício nas traseiras da Casa dos Bicos, o Campo das Cebolas ao Largo da Sé. A autarquia sublinha o contributo que esta empreitada dará para “potenciar” investimentos “que se prevêem realizar a curto ou médio prazo” na sua proximidade, “nomeadamente a construção do novo Terminal de Cruzeiros na Doca do Jardim do Tabaco”.
O vereador do Urbanismo fala num investimento previsto de cerca de três milhões de euros e garante que a câmara está preparada para o suportar, “para já”, “com recursos próprios”. Mas a intenção, acrescentou, é que os montantes arrecadados com a Taxa Municipal Turística possam ser afectados a estas obras, para as quais estão também a ser preparadas candidaturas a fundos comunitários.
Manuel Salgado lembra que há uma quarta obra já em curso, que consiste na instalação de um elevador entre o Miradouro de Santa Luzia e a Rua Norberto Araújo. O vereador diz que a sua inauguração, que chegou a ser anunciada para o final de 2013, deverá ocorrer “na Primavera”, acrescentando que a intenção da câmara é que numa segunda fase o percurso pedonal seja prolongado “até ao terminal de cruzeiros”.
Já em funcionamento, desde o Verão de 2013, está um outro elevador, que une a Rua dos Fanqueiros ao Largo Adelino Amaro da Costa (Largo do Caldas), a partir de onde se pode subir até à Costa do Castelo no elevador panorâmico do antigo Mercado do Chão do Loureiro. Manuel Salgado não tem dúvidas da importância destes investimentos, como forma de “garantir melhores acessibilidades aos residentes na colina do Castelo e permitir que facilmente cheguem aos transportes públicos, que estão lá em baixo”, contribuindo assim para que tenham “melhor qualidade de vida”. Também os visitantes, diz, serão beneficiados, na medida em que os novos meios mecânicos irão “facilitar” o acesso ao Castelo de São Jorge e “reduzir a necessidade de os autocarros de turistas chegarem lá acima”.