Eurogrupo quer negociações baseadas na "ambição comum" de manter o euro
Responsáveis políticos da zona euro dizem estar abertos à negociação mas recusam ideia de perdão de dívida
Da reunião do Eurogrupo realizada nesta segunda-feira não saíram, como já se esperava, quaisquer decisões relativamente à Grécia. Mas a vitória do Syriza e as negociações que agora deverão começar para a finalização do actual programa grego e de um eventual futuro acordo dominou o debate e as declarações à imprensa dos responsáveis europeus.
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Da reunião do Eurogrupo realizada nesta segunda-feira não saíram, como já se esperava, quaisquer decisões relativamente à Grécia. Mas a vitória do Syriza e as negociações que agora deverão começar para a finalização do actual programa grego e de um eventual futuro acordo dominou o debate e as declarações à imprensa dos responsáveis europeus.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro, fez o máximo esforço para manter as declarações o mais neutrais possível. Começou por dizer que todos os ministros das Finanças da zona euro concordaram que se deve respeitar o resultado das eleições gregas e dar tempo ao novo governo para formular as suas próprias posições.
Interrogado sobre se acha que o programa do Syriza é compatível com as exigências que constam do programa de resgate, preferiu focar-se na intenção expressa pelo Syriza de manter a Grécia na zona euro. Dijsselbloem disse que as negociações com Atenas terão como ponto de partida “a ambição comum” de a Grécia continuar com o euro como divisa.
O presidente do Eurogrupo já falou ao telefone com Yanis Varoufakis, apontado como o futuro ministro das Finanças do governo Syriza, tendo-lhe dado os parabéns e expressado a sua vontade de começar a trabalhar o mais cedo possível com o novo governo grego. De seu lado, Varoufakis terá reiterado que tem como prioridades manter a Grécia no euro, e encontrar soluções que sejam produtivas para os dois lados. Uma das questões de ordem prática que irá estar, no curto prazo, em cima da mesa das negociações será a da eventual necessidade de prolongar o actual programa grego. Quando o anterior primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, convocou as eleições, o Eurogrupo decidiu prolongar o final do programa de Dezembro para o fim de Fevereiro. Agora existem dúvidas se esse prazo será suficiente para que o novo executivo chegue a acordo com as autoridades europeias.
Dijsselbloem declarou que ainda é cedo para se pronunciar sobre este tema. Notou contudo que se ganhou algum tempo com a constituição rápida do governo e disse que o Eurogrupo ainda vai esperar pelo início das negociações para ver se haverá tempo de concluir o programa até 28 de Fevereiro.
Manter o programa em aberto é importante porque, por exemplo, o BCE já avisou que, sem um programa em vigor, deixará de emprestar dinheiro aos bancos gregos. Os responsáveis europeus deixaram ainda claro que ceder às propostas do governo liderado por Alexis Tsipras, de reestruturação de dívida e de fim da austeridade, não está nos seus planos.
Jeroen Dijsselbloem salientou que “fazer parte da zona euro significa que é preciso respeitar o conjunto dos acordos feitos no passado” e revelou que um perdão de dívida não era uma ideia bem recebida pela generalidade dos ministros das Finanças.
Klaus Regling, presidente do fundo de resgate europeu, interrogado sobre se a proposta do Syriza de reestruturar dívida grega está a ser considerada pelo EFSF (que detém actualmente 44% da dívida grega), realçou que já muito foi feito para ajudar a Grécia, através de reduções de taxas de juro e extensão dos prazos de maturidade, parecendo por isso excluir qualquer tipo de acordo que implique perdas directas para o fundo de socorro europeu.
Antes disso, em conferência de imprensa realizada em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, afirmou que a instituição “respeita a escolha soberana e democrática do povo grego”.
“Estamos prontos para negociar com o governo grego assim que for formado. A Grécia tem feito progressos notáveis nos últimos anos, e continuamos prontos a ajudar a Grécia a avançar nas reformas que faltam”, disse.