Passos e Portas já começaram a conversar sobre coligação pré-eleitoral
Uma eventual renovação da coligação está a ser tratada ao mais alto nível entre os líderes do PSD e do CDS. Certo é que o candidato presidencial fica fora do acordo para as legislativas.
A questão da coligação deixou de ser tabu entre os dois líderes, que têm vindo a ter conversas sobre a questão de fundo e as propostas a fazer numa futura aliança eleitoral. Nuno Melo, que é o vice-presidente para as relações institucionais, veio esta sexta-feira dar um sinal de que os dois líderes já falam sobre o assunto. “A questão partidária da celebração de uma coligação eleitoral, julgo que se ainda está muito a tempo, e deve ser tratada neste momento com reserva, a começar pelos presidentes dos partidos, o que eu acredito que está a ser feito, sei que está a ser feito”, afirmou Nuno Melo à Lusa.
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A questão da coligação deixou de ser tabu entre os dois líderes, que têm vindo a ter conversas sobre a questão de fundo e as propostas a fazer numa futura aliança eleitoral. Nuno Melo, que é o vice-presidente para as relações institucionais, veio esta sexta-feira dar um sinal de que os dois líderes já falam sobre o assunto. “A questão partidária da celebração de uma coligação eleitoral, julgo que se ainda está muito a tempo, e deve ser tratada neste momento com reserva, a começar pelos presidentes dos partidos, o que eu acredito que está a ser feito, sei que está a ser feito”, afirmou Nuno Melo à Lusa.
Com estas declarações, o dirigente centrista quis desdramatizar a questão do timing para um acordo, já que há cada vez mais pressão mediática para fechar o dossier neste primeiro trimestre de 2015. Comentadores e até dirigentes têm chamado a atenção para o risco de um impasse dar trunfos ao PS de António Costa.
Por outro lado, o CDS quis remeter o assunto para os dois presidentes como forma de travar a especulação. “Tem de se colocar isto no patamar superior”, disse ao PÚBLICO uma fonte centrista.
Depois de avanços e recuos em torno do momento certo para negociar a coligação, os centristas já não escondiam que era preciso tomar uma decisão em breve, enquanto os sociais-democratas mostraram vontade em iniciar o processo mais tarde, já com mais sondagens na mão. Na cúpula do CDS chegou-se mesmo a ter como horizonte o final de Janeiro como um prazo razoável para uma decisão, embora publicamente a ideia seja descomprimir o factor tempo.
Tal como Passos Coelho tem defendido, a prioridade são as legislativas, só depois vêm as presidenciais. O princípio é partilhado pelo líder do CDS, que estranha que a corrida a Belém esteja no topo da actualidade. O candidato presidencial está de fora deste processo. Um eventual acordo terá de ter uma referência às presidenciais. Mas essa referência pode ser apenas um compromisso de consulta prévia entre os dois partidos sobre o apoio a conceder a um candidato.
Nos últimos meses, dirigentes do PSD têm dado sinais de preferirem candidatos diferentes. A estratégia agora parece ser outra. Carlos Carreiras, vice-presidente do PSD, que tinha manifestado preferência por Marcelo Rebelo de Sousa em Belém embora gostasse de Santana Lopes, afirmou esta sexta-feira ao SOL que as presidenciais não são prioridade e que não é necessário que sejam decididas em pacote com as legislativas. Nuno Melo, numa entrevista ao Observador, corrobora a tese de que só se deve falar da corrida a Belém no final do ano. Falar antes é um “erro crasso”, disse.
No momento em que os dois líderes dos partidos da maioria já conversam sobre coligação, é cada vez mais recorrente o discurso da recuperação económica e do elogio aos resultados da governação PSD/CDS. Passos Coelho tem vindo a sublinhar a “recuperação económica” que permite abrir uma “nova fase” e “sarar feridas”.
Palavras que estão em sintonia com as do CDS. Ainda esta semana, na Assembleia da República, o porta-voz centrista Filipe Lobo D’ávila escolheu a recuperação dos rendimentos dos portugueses como tema para uma declaração política. Outro dirigente, Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, em entrevista ao Diário Económico/Antena 1, disse acreditar na vitória do centro de direita por se apresentarem com um projecto de competitividade da economia para que as pessoas vivam melhor. Uma harmonia de discurso entre PSD e CDS que é terreno favorável para uma renovação da coligação.
CDS ouve militantes sobre programa
Ainda sem decisão sobre a coligação, o CDS-PP continua a trabalhar num programa eleitoral, que pode ser o seu ou um contributo para um texto conjunto com o PSD. Hoje, o partido promove uma sessão de diálogo com os militantes com o objectivo de pedir contributos para a elaboração do programa eleitoral do partido.
Os militantes podem, através da rede Facebook, inscrever-se numa ou mais das áreas temáticas criadas – Constituição, território, soberania, políticas económicas e sociais e Portugal no Mundo – para deixarem o seu contributo. “É uma maneira eficaz de ouvir o partido para aferir sensibilidades”, explicou ao PÚBLICO Assunção Cristas, vice-presidente e responsável pelo gabinete de estudos que está encarregue de elaborar o programa eleitoral do partido. Um trabalho que está em marcha, independentemente de haver coligação pré-eleitoral com o PSD.
Os militantes, através de contas de Facebook criadas para o efeito, podem deixar a sua opinião sobre os assuntos ou medidas que devem constar do programa ou até entrar em diálogo com o coordenador do tema. “Depois vamos verificar se houve uma tendência, se houve algum tema que por nossa desatenção nos escapou e que os militantes queiram ver tratado”, afirmou a dirigente e ministra da Agricultura.