Ministério Público investiga três casos de mortes nas urgências
Situações aconteceram nos hospitais de S. José (Lisboa), Peniche e Santa Maria da Feira.
Fonte da PGR explicou ao PÚBLICO que os inquéritos foram instaurados por iniciativa do Ministério Público e que, por enquanto, apenas dispõe de informação relativa a estes três óbitos. Em causa estão suspeitas de crimes que não dependem da apresentação de queixa de familiares para a abertura de inquérito judiciais.
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Fonte da PGR explicou ao PÚBLICO que os inquéritos foram instaurados por iniciativa do Ministério Público e que, por enquanto, apenas dispõe de informação relativa a estes três óbitos. Em causa estão suspeitas de crimes que não dependem da apresentação de queixa de familiares para a abertura de inquérito judiciais.
A primeira morte ocorreu na urgência do Hospital de S. José, na madrugada de 27 de Dezembro: um doente de 80 anos terá estado à espera numa maca durante cerca de seis horas sem ser visto por médicos, contou o seu filho na altura às estações de televisão. O homem morreu na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC). O Centro Hospitalar de Lisboa Central abriu um inquérito, mas o resultado ainda não foi divulgado.
A morte no Serviço de Urgência de Peniche aconteceu em circunstâncias diferentes: uma mulher de 79 anos que se queixava de “dores no peito, nas costas e num ouvido”, segundo os seus familiares, foi triada com pulseira amarela (a terceira numa escala de prioridades com cinco cores), por volta das 9h30, e vista por um médico passados 15 minutos. Contudo, como necessitava de fazer análises (que tiveram que ser enviadas para o Hospital das Caldas da Rainha porque o de Peniche não tem laboratório), teve que aguardar.
Depois de conhecido o resultado das análises, que foram inconclusivas, decidiu-se que teria ainda que fazer uma TAC (tomografia axial computorizada), também nas Caldas. Acabou por morrer quando estava a ser preparada para ser transportada para esta unidade, por volta das 19h. O Centro Hospitalar de Peniche abriu um inquérito, apesar de considerar que “o atendimento proporcionado à utente foi adequado e atempado” e que ela esteve “sempre acompanhada pelos profissionais de serviço”.
Este caso aconteceu apenas um dia depois de um homem de 57 anos ter morrido na urgência do Hospital de S. Sebastião (Santa Maria da Feira), enquanto aguardou por atendimento durante mais de cinco horas, com vómitos e náuseas, de acordo com os seus familiares. Primeiro triado com prioridade amarela, só depois do agravamento do seu estado de saúde é que lhe foi atribuída a pulseira laranja (muito urgente) e foi então visto por um médico, mas já não foi possível salvá-lo. O Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (a que pertence o Hospital da Feira) decidiu também abrir um inquérito.
Esta sexta-feira, soube-se que a directora do Serviço de Urgência do Hospital da Feira tinha avisado os responsáveis da unidade de saúde, três dias antes desta morte, que a equipa não conseguia "aguentar mais" e que estava em risco a vida dos doentes, segundo adiantou o Expresso online. Numa mensagem de correio electrónico, a médica alertava a administração do hospital para este risco e o alerta foi também enviado à Ordem dos Médicos (OM) do Norte. O responsável da OM/Norte, Miguel Guimarães, diz que marcou na altura uma reunião com a directora da urgência e que "activou os mecanismos necessários para pressionar" a administração do hospital a alterar a situação. Ao Expresso, o conselho de admnistração escusou-se a fazer comentários.
A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) adiantou esta semana que está a acompanhar sete dos oito casos até agora relatados na comunicação social e que instaurou, por enquanto, quatro processos de inquérito (“a propósito das situações que envolvem o Hospital de Peniche, o Centro Hospitalar de Setúbal, o Hospital de Santa Maria da Feira e o Hospital Garcia de Orta”), além de estar a acompanhar a investigação da morte ocorrida em S. José.
com Lusa