Autarca de Montalegre denuncia falta de médico de família no Salto

Durante a visita à localidade, Passos Coelho afirmou que vai ter em consideração a situação.

Foto
Passos Coelho GEORGES GOBET/AFP

Há cerca de dois meses o médico com presença quotidiana na localidade tirou licença sem vencimento, devido a motivos de saúde. Desde então, os utentes têm de se deslocar ao centro de saúde de Salto às cinco horas da manhã para marcarem a sua vez. "Às oito horas da manhã já não há consultas porque só se fazem até dez consultas por dia", lamentou Sandra Gonçalves.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há cerca de dois meses o médico com presença quotidiana na localidade tirou licença sem vencimento, devido a motivos de saúde. Desde então, os utentes têm de se deslocar ao centro de saúde de Salto às cinco horas da manhã para marcarem a sua vez. "Às oito horas da manhã já não há consultas porque só se fazem até dez consultas por dia", lamentou Sandra Gonçalves.

A principal requisição feita no centro de saúde é o pedido de receitas. Devido a esta situação, a farmácia está a dar medicamentos sem receita para ajudar a população reformada que, lembrou Sandra Gonçalves, "paga 50 euros de remédios quando recebe 200 euros". "Estamos num país do terceiro mundo. Os  utentes não precisam de dinheiro para morrer. Os idosos morrem porque não têm médico ou não têm sequer dinheiro para remédios”, acrescentou.

O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, disse estar ao lado da população de Salto e que já se encontra em negociações com a Administração Regional de Saúde do Norte de forma a encontrar a melhor solução para os cerca de mil utentes que se encontram sem médico de família. “A Administração Regional de Saúde do Norte já tem feito contactos com empresas que têm ao seu serviço médicos a quem estão a propor algumas vindas  para Salto”, explicou.

Contudo, adianta, “a remuneração oferecida aos médicos para virem cá é muito baixa e não há médico nenhum que a queira”. Para já, vem um médico uma vez por semana a Salto, o que, segundo Orlando Alves, “obviamente que é muito pouco porque são mil utentes que não têm médico de família mas os constrangimentos são muito grandes e é a solução que temos agora”, explicou.

O autarca deixou a vontade de se poder encontrar uma solução para se pagar melhor à classe médica porque, segundo afirma, “da forma que a classe médica está a ser remunerada, ao preço de uma dona de casa, sem ofensa por quem exerce a função, ninguém vem”.

Enquanto Orlando Alves aguarda mais respostas por parte da Administração Regional de Saúde, Sandra Gonçalves acusa o Governo: “O dinheiro que estão a gastar com este fim-de-semana na Feira do Fumeiro, com as visitas do primeiro-ministro, do António Costa, secretários de Estado, etc, podia pagar um médico aqui durante 10 anos em Salto”, conclui. 

Passos Coelho reagiu com poucas palavras, dizendo apenas que vai prestar atenção ao desconforto dos mil utentes de Salto, sem médico de família há mais de dois meses.