Protagonistas dos últimos meses que determinaram o destino da empresa
Isabel dos Santos
Primeiro, foi o comunicado a lembrar as divergências com a PT na angolana Unitel, e logo depois a declaração conjunta da ZOPT – sociedade que controla a NOS e onde está em parceria com a Sonaecom – a mostrar disponibilidade para entrar numa solução para a PT que defendesse o interesse nacional. A seguir, veio o anúncio preliminar de Oferta Pública de Aquisição (OPA) à PT SGPS, ao preço de 1,35 euros por acção. A operação, pejada de condições, deixou os brasileiros furiosos e ficou pelo caminho, depois de a CMVM ter forçado uma subida de preço. E Isabel dos Santos saiu de cena. Pelo menos por enquanto.
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Isabel dos Santos
Primeiro, foi o comunicado a lembrar as divergências com a PT na angolana Unitel, e logo depois a declaração conjunta da ZOPT – sociedade que controla a NOS e onde está em parceria com a Sonaecom – a mostrar disponibilidade para entrar numa solução para a PT que defendesse o interesse nacional. A seguir, veio o anúncio preliminar de Oferta Pública de Aquisição (OPA) à PT SGPS, ao preço de 1,35 euros por acção. A operação, pejada de condições, deixou os brasileiros furiosos e ficou pelo caminho, depois de a CMVM ter forçado uma subida de preço. E Isabel dos Santos saiu de cena. Pelo menos por enquanto.
Zeinal Bava
O homem que ia liderar o grande operador lusófono remeteu-se ao silêncio desde que voltou do Brasil. Durante os seus mandatos na PT, primeiro como administrador financeiro e depois como presidente executivo, sempre houve investimentos no GES. O escândalo Rioforte rebentou-lhe nas mãos já depois de a Oi ter realizado um aumento de capital pelo qual deu a cara nas grandes praças financeiras. Num anúncio de duas páginas no Expresso, em Agosto, a Oi garantiu que nem os accionistas brasileiros, nem os “administradores da Oi não vinculados à PT SGPS” sabiam da Rioforte. Dois meses depois, Bava estava fora da empresa.
Henrique Granadeiro
Quando saiu da PT em Agosto, depois de participar na renegociação dos termos da fusão com a Oi, deixou o recado: convivia bem com os seus actos, mas não com as responsabilidades dos outros. Granadeiro assumiu a aprovação de investimentos de 200 milhões de euros na Rioforte, mas garantiu numa carta enviada à CMVM que a PT Portugal, que foi liderada por Bava até Agosto, foi responsável pelos outros 697 milhões. Como Bava era também presidente da Oi e as pessoas não são divisíveis, a Oi sabia, disse Granadeiro ao regulador. E mudou de opinião quanto ao negócio que ajudou a construir: agora defende que a PT deve pôr fim à fusão.
Ricardo Salgado
“Foi uma tristeza o que aconteceu à PT”, disse no Parlamento quem, durante mais de uma década, foi figura central na trajectória da operadora e um dos principais beneficiários da sua generosa política de dividendos. A PT foi o banco do BES, sabe-se agora. Mas também no Parlamento Ricardo Salgado deixou a nota: as aplicações no GES sempre existiram e houve anos em que até foram maiores do que em 2013 e 2014. Eram públicas, conhecidas pela CGD, pelo Governo, pelos auditores e também pela Oi, quando avaliou os activos da PT. Não havia forma de os accionistas da Oi não saberem, assegurou o ex-banqueiro, recordando que a PT também realizou grandes aplicações nas sociedades detidas pelos “controladores” da Oi.
Luís Pacheco de Melo
Na auditoria aos investimentos da PT no GES, a PwC concluiu que na PT as decisões eram tomadas de forma informal e sem ser deixada evidência sobre quem as tomou ou sobre quem aprovou determinada transacção. Entre as poucas assinaturas encontradas, estarão as do ex-administrador financeiro (CFO) da PT SGSP e ex-vice presidente da PT Portugal. Pacheco de Melo disse à PwC que foi ao BES em Março, a pedido de Granadeiro, para tratar da renovação das aplicações com o ex-CFO do banco, Amílcar Morais Pires. Segundo este, o encontro aconteceu a pedido de Salgado, que lhe terá dito que já estava tudo acordado com Granadeiro e Bava.
Carlos Tavares
No final de Julho, Carlos Tavares questionava-se no Parlamento como foi possível que os órgãos de controlo da PT não tenham funcionado na Rioforte. A CMVM iniciou uma investigação aos investimentos da PT no GES, suspeitando que estas relações financeiras entre partes relacionadas não foram devidamente comunicadas ao mercado, como foi constatado pela auditoria da PwC. As renitências da PT SGPS na entrega da auditoria motivaram uma queixa do regulador ao Ministério Público e buscas na sede da holding. Nas últimas semanas, a CMVM pressionou a PT SGPS a prestar mais informação aos investidores antes de os pôr a votar a venda da PT Portugal. Depois do primeiro adiamento da AG, houve mais informação. Mas o regulador queixa-se de que nem tudo está esclarecido.
António Menezes Cordeiro
O presidente da mesa da assembleia-geral da PT assumiu grande protagonismo na fase final do negócio de venda da PT Portugal. Menezes Cordeiro entende que a venda representa uma quebra de contrato da Oi (porque põe fim ao projecto de criação do grande operador lusófono) e dá armas legais à PT SGPS para desfazer a fusão. Bateu-se até à última hora (em articulação com a CMVM) para que os accionistas pudessem votar primeiro esta possibilidade antes de entregar a PT Portugal nas mãos da Altice. Os críticos acusam-no de ter extravasado as suas funções neste braço-de-ferro com a administração da PT SGPS e de estar a empurrar as empresas para uma guerra sem fim nos tribunais.
Rafael Mora
É o rosto visível da Ongoing na administração da PT SGPS (onde também está Nuno Vasconcellos) e, simultaneamente, dos accionistas de referência da PT SGPS, dona de 37% da Oi. Tem dado a cara pela venda da PT Portugal à Altice, dizendo que é o único caminho para o futuro da Oi. Rejeita a possibilidade de reversão da fusão e diz que a PT SGPS não pode entrar em guerra com o seu único activo. Em Agosto, defendeu que os brasileiros sabiam da Rioforte, mas, em Setembro, já tinha mudado de opinião. Diz que foi por causa das primeiras conclusões da auditoria da PwC. A mesma que lhe permitiu concluir que, se Bava “não sabia, devia saber” das aplicações ruinosas.
Dexter Goei
O presidente executivo da Altice foi contactado em Julho pelos grandes accionistas brasileiros da Oi. E desde então desdobrou-se em contactos de um lado e de outro do Atlântico para reunir apoios. Em Novembro, as intenções deram lugar aos actos com a apresentação de uma primeira proposta. Depois entraram na corrida os fundos Apax e Bain, aliados a Pedro Queiroz Pereira, mas os franceses saíram vitoriosos. Dizem que querem ter o negócio fechado em Junho e vão ter um presidente do conselho de administração português. E dão a possibilidade de entrada de accionistas portugueses na PT Portugal até 20% do capital. Os CTT de Francisco Lacerda também saem a ganhar com uma parceria comercial que lhes garante pelo menos 30 milhões de euros.
Octávio Azevedo
O presidente da Andrade Gutierrez saiu da administração da PT SGPS em Julho por “desconforto” com os investimentos da PT na Rioforte. Com ele saiu também Fernando Portella, do grupo La Fonte. Foi o alegado desconhecimento dos brasileiros que levou à renegociação da fusão e diminuiu a posição da PT na futura CorpCo. Em Agosto, a Oi rejeitou as “afirmações falsas” de Ricardo Salgado numa troca de emails que o presidente do BES terá tido com Sérgio Andrade (da Andrade Gutierrez) sobre as aplicações na Rioforte. E já disse que quer processar Granadeiro, que também garante que os brasileiros sabiam dos investimentos.