Governo está a "analisar opções" para minimizar impactos nos salários na Suíça

A alteração de política cambial na Suiça prejudica os funcionários públicos portugueses deslocados naquele país.

Foto
Rui Machete já manifestou disponibilidade para ir ao Parlamento MIGUEL MANSO

Os sindicatos que representam os funcionários públicos portugueses a trabalhar na Suíça alertaram para os impactos nos salários, pagos em euros, dos trabalhadores consulares e professores, devido à queda do euro face ao franco suíço.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os sindicatos que representam os funcionários públicos portugueses a trabalhar na Suíça alertaram para os impactos nos salários, pagos em euros, dos trabalhadores consulares e professores, devido à queda do euro face ao franco suíço.

Em causa está a decisão do Banco Nacional Suíço, anunciada na semana passada, de abandonar a taxa de câmbio fixa de 1,20 euros sobre o franco suíço, uma situação que o Governo português disse à Lusa estar a acompanhar.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros está a acompanhar com particular atenção a situação decorrente da decisão do Banco Nacional Suíço, divulgada em 15 de Janeiro de 2015, no sentido de abandonar a taxa de câmbio fixa euro-franco suíço (CHF), bem como o impacto direto dessa decisão e suas repercussões nas remunerações e abonos de todos os trabalhadores pertencentes aos mapas de pessoal” do Ministério liderado por Rui Machete, disse à Lusa fonte oficial do Palácio das Necessidades.

Questionada pela Lusa sobre que medidas poderão ser adoptadas pelo Estado português, a mesma fonte adiantou que o Ministério “está a analisar todas as opções existentes no plano legal que permitam ir ao encontro das preocupações expressas pelos trabalhadores em funções na Suíça”.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas (STCMD), a alteração, que entrou em vigor na sexta-feira, “agravou substancialmente a situação financeira” dos funcionários do Ministério, “em paralelo asfixiados por um injusto sistema de tributação fiscal, que persiste em considerar os trabalhadores residentes em Portugal”.

Na prática, os trabalhadores consulares passam, a partir deste mês, “a receber vencimentos de miséria”, na ordem dos 2.500 a 3.000 euros, que, em Portugal, serão considerados “muito elevados”, mas equivalem, na Suíça, a três horas de trabalho de uma mulher das limpezas, disse à Lusa Alexandre Reis, funcionário consular na embaixada de Portugal em Berna.

A situação afecta cerca de 50 pessoas, que trabalham na embaixada na capital suíça, nos consulados em Zurique e Genebra e nos escritórios consulares em Sion e Lugano.

Já na semana passada, Marília Mendes, responsável dos associados portugueses do sindicato suíço UNIA, afirmara que os funcionários públicos portugueses estavam “em pânico”, estimando-se um corte de 20 por cento dos seus salários.

De acordo com a responsável sindical, alguns funcionários vão passar a receber salários inferiores ao equivalente a 2.000 francos suíços, sendo que se admite que 4.000 francos suíços correspondem a um ordenado mínimo para viver na Suíça.