Mulher morre no Garcia de Orta depois de espera de oito horas

Sétimo caso em menos de um mês nas urgências hospitalares do país

O caso foi avançado pelo Diário de Notícias e pelo Correio da Manhã. Maria Vitória Moreira Forte deu entrada no hospital por volta das 11h00 de sexta-feira e seriam 20h15 quando um médico lhe apareceu.

A administração do Hospital Garcia de Orta avançou esta segunda-feira que está a investigar esta morte, em nota citada pela Lusa, mas adiantou desde logo que, "após uma análise sumária e preliminar",  não detectou "quaisquer inconformidades" nem "qualquer sitação anómala". 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O caso foi avançado pelo Diário de Notícias e pelo Correio da Manhã. Maria Vitória Moreira Forte deu entrada no hospital por volta das 11h00 de sexta-feira e seriam 20h15 quando um médico lhe apareceu.

A administração do Hospital Garcia de Orta avançou esta segunda-feira que está a investigar esta morte, em nota citada pela Lusa, mas adiantou desde logo que, "após uma análise sumária e preliminar",  não detectou "quaisquer inconformidades" nem "qualquer sitação anómala". 

Maria Vítória Forte padecia de diversos males. Ao vê-la com “os lábios roxos”, o filho, João Carlos Silveira, ligara para o 112. E ela fora levada de ambulância pelos Bombeiros de Cacilhas. Feita a triagem, foi-lhe atribuída a pulseira amarela (urgente) – mais só a laranja (muito urgente) e a vermelha (emergente).

O filho passou o dia inteiro com ela no hospital. Quando a ouviu chamar pela primeira vez seriam umas 19h30. Estavam a mudar-lhe a fralda. Disseram-lhe que não se inquietasse, que voltariam a chamar. Volvidos 15 minutos, nada. Tratou então de perceber quem a chamara.

Na sua versão, uma enfermeira indicou-lhe a triagem. O clínico que lá estava disse-lhe que não chamara. Carlos tornou à enfermeira, que consultou o sistema e lhe garantiu que a chamada fora anulada. Regressou ao clínico. Discutiram. “Ele recusou-se a ver a minha mãe, que estava numa maca, ligada à parede. Ele só a via se a desligassem do oxigénio e a levassem lá."

Apresentou reclamação. "Passados 15 ou 20 minutos lá apareceu o médico”, diz. “Oito horas à espera e só foi vista depois da queixa!”, insurge-se. Morreu por volta das 2h. “Não os culpo pela morte da minha mãe, culpo-os por não terem tentado evitar que isso acontecesse”, comenta. “Podia ter morrido na mesma, mas pelo menos tinha recebido auxílio.”

É a segunda morte no Garcia de Orta em menos de uma semana. No primeiro caso, a investigação hospitalar já assegurou que nada havia a fazer: o doente "padecia de uma doença grave, com vários dias de evolução”. É o sétimo caso registado no país em menos de um mês, contando com um homem de 92 anos que segunda-feira morreu no Hospital de Santarém, depois de ter esperado quatro horas.


Na sua crónica semanal na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa imputou responsabilidades ao ministro da Saúde, Paulo Macedo. “Sete mortes num mês é complicado. Houve falta de planeamento para uma situação de perigo”, a época das gripes, observou o comentador, a quem nem todas as justificações dadas pelo governante para o sucedido convenceram. “Fazer omeletes sem ovos não é possível”, opinou, numa referência aos cortes.