Exército ucraniano recupera terreno após combates ferozes em Donetsk

Tropas nacionais iniciaram ofensiva para recuperar o controlo do aeroporto internacional, nas mãos das forças separatistas. Bombardeamentos atingem zonas residenciais.

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Imagens obtidas por drone distribuídas pelo Exército da Ucrânia mostram a destruição do aeroporto de Donetsk depois de meses de combates REUTERS/Army.SOS

Segundo a AFP, os combates forçaram a paralisação de uma parte da cidade, de cerca de 950 mil habitantes. Por causa do risco de bombardeamento e da troca de tiros, os transportes públicos não circularam, e a maior parte do comércio optou por manter as portas fechadas. Vários residentes deram conta de sucessivas explosões e de disparos de obuses em zonas residenciais na parte noroeste da cidade, onde estão acantonadas as forças independentistas.

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Segundo a AFP, os combates forçaram a paralisação de uma parte da cidade, de cerca de 950 mil habitantes. Por causa do risco de bombardeamento e da troca de tiros, os transportes públicos não circularam, e a maior parte do comércio optou por manter as portas fechadas. Vários residentes deram conta de sucessivas explosões e de disparos de obuses em zonas residenciais na parte noroeste da cidade, onde estão acantonadas as forças independentistas.

As movimentações das tropas nacionais para recuperar o controlo da região travaram o avanço dos combatentes pró-russos e permitiram resgatar vários pontos estratégicos tomados pelos rebeldes nas últimas semanas. A Reuters faz referência a uma “operação maciça” lançada no início do fim-de-semana pelo Exército nacional na área designada como Donbass (que abrange as cidades de Donetsk e Lugansk) , e que já resultou na morte de quatro soldados.

A intervenção arrancou no sábado, com a mobilização de pelo menos dez tanques de guerra que abriram um corredor de segurança de forma a facilitar a circulação dos meios nacionais e também garantir o transporte de feridos e a fuga das populações, em caso de necessidade. A ofensiva intensificou-se durante a madrugada, com os militares ucranianos a assumir posições em torno do aeroporto e abrir fogo.

Numa declaração televisiva, o porta-voz das Forças Armadas, Andrii Lisenko, confirmou que a operação resultou na “limpeza quase total” das posições de artilharia dos separatistas na zona do aeroporto, “que de acordo com as linhas de separação militar pertence ao território da Ucrânia”.

O mesmo responsável disse que a operação não punha em causa o acordo de cessar-fogo assinado pelo Governo de Kiev e os líderes separatistas em Setembro do ano passado em Minsk, uma vez que se limitou à reposição das fronteiras definidas como o status-quo nesse plano de paz, que também obteve a concordância da Rússia.

De Moscovo vieram palavras de “preocupação perante a escalada” da violência das forças ucranianas. “Esta situação não contribui em nada para a implementação do compromisso de Minsk e não augura nada de bom quanto às negociações futuras para uma resolução da crise”, reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O prolongamento das hostilidades no Leste da Ucrânia levou à negociação de um novo acordo de tréguas em Dezembro. Mas esse plano também se encontra moribundo, e as expectativas de sucesso de uma nova ronda de conversações – agendadas para Astana e sucessivamente adiadas – são muito limitadas.

O Presidente Petro Poroshenko, que participou numa marcha pela paz que reuniu milhares de pessoas em Kiev, garantiu que o Governo “não irá ceder um milímetro que seja do território ucraniano [aos rebeldes]. Vamos recuperar o Donbass, e na nossa vitória vamos mostrar a todos a nossa unidade”, declarou.

O aeroporto internacional Sergei Prokofiev tem sido um alvo constante de ataques, e os últimos combates têm mais a ver com o simbolismo daquela infraestrutura do que com a sua operacionalidade – meses de bombardeamentos, que destruíram por completo as pistas, a torre de controlo, a nave principal e as mangas de embarque, ditaram o seu encerramento ao tráfego.

A guerra separatista no Leste da Ucrânia já fez 4800 mortos desde o início dos confrontos, em Abril de 2014, de acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde.