Charlie Hebdo volta às bancas com caricatura de Maomé

"Tudo está perdoado", lê-se na primeira página do semanário. Edição vai ter circulação de três milhões de exemplares.

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Depois do trauma do ataque à redacção do Charlie Hebdo muitas questões emergiram em torno do futuro da publicação. A morte do director e de algumas das suas mais proeminentes figuras deixava o jornal numa situação dramática. A solidariedade do sector dos media falou mais alto e depressa se determinou que o Charlie tinha que voltar às bancas.

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Depois do trauma do ataque à redacção do Charlie Hebdo muitas questões emergiram em torno do futuro da publicação. A morte do director e de algumas das suas mais proeminentes figuras deixava o jornal numa situação dramática. A solidariedade do sector dos media falou mais alto e depressa se determinou que o Charlie tinha que voltar às bancas.

A edição desta quarta-feira é considerada histórica, tanto pelos acontecimentos da última semana como pela dimensão da própria difusão do número: três milhões de exemplares, algo inédito na história da imprensa francesa. Mas o Charlie Hebdo promete continuar igual a si próprio.

Na capa, acima da caricatura de Maomé pode ler-se ainda “Tudo está perdoado” – uma mensagem que vai correr o mundo precisamente uma semana depois do atentado que matou sete membros da redacção do Charlie Hebdo. Inicialmente previsto para ter uma circulação de um milhão, o próximo número do jornal satírico vai ter três milhões de exemplares.

A próxima edição vai também ter uma distribuição alargada a nível internacional, face às solicitações crescentes. Com vendas fora de França geralmente em torno dos quatro mil, o número especial terá uma circulação de 300 mil em 25 países. Para além dos países em que já circulava, incluindo Portugal, o Charlie Hebdo terá exemplares nas bancas do Reino Unido e dos Estados Unidos, algo inédito, segundo o Le Figaro.

A decisão de publicar mais caricaturas de Maomé – o género de imagens que despertou o ódio dos extremistas islâmicos – parece não ter merecido grandes dúvidas. “Obviamente que irá haver caricaturas de Maomé”, revelou o advogado do Charlie, Richard Malka, numa entrevista à rádio France Info na segunda-feira.

“É um gesto de sobrevivência”, descreveu Malka. “Não se cederá em nada, senão tudo deixa de ter sentido. O estado de espírito Je suis Charlie significa também ‘direito à blasfémia’”, acrescentou.

A caricatura da primeira página é assinada pelo caricaturista “Luz”, que apenas sobreviveu ao ataque por ter chegado tarde à reunião de redacção na semana passada.

Desde o atentado que a redacção de 15 pessoas do Charlie se mudou para as instalações do jornal Libération, onde se concentrou nas oito páginas da próxima edição. Outras publicações, como o Le Monde, apoiaram o semanário com a entrega de material.

O que se pode esperar do próximo número? “Um Charlie Hebdo com êxito é um Charlie que se abre, tem-se um arrepio quando se vê o desenho e depois desata-se a rir.”