Mais de dez mil em Berlim contra islamistas e islamófobos
Forte mensagem de unidade em acção convocada por organizações muçulmanas com presença de representantes de outras religiões e do Presidente, Joachum Gauck.
A iniciativa de organizações muçulmanas e turcas da Alemanha teve a presença do Presidente, Joachim Gauck, da chanceler, Angela Merkel, e de líderes religiosos. A mensagem, forte, foi de unidade.
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A iniciativa de organizações muçulmanas e turcas da Alemanha teve a presença do Presidente, Joachim Gauck, da chanceler, Angela Merkel, e de líderes religiosos. A mensagem, forte, foi de unidade.
“Nós todos, nós somos a Alemanha”, disse o Presidente Joachim Gauck. “Não nos vamos deixar dividir. Mantemo-nos firmes contra qualquer forma de demonização e ostracismo”, continuou. “Não vos daremos o presente do nosso ódio”, prometeu.
A Alemanha, disse ainda Gauck, “tornou-se mais diversa a nível religioso, cultural, e de mentalidade graças à imigração”, o que “contribuiu para o sucesso do país e tornou-o mais interessante”.
A chanceler não falou na concentração, mas na véspera tinha dito que o islão faz parte da Alemanha. “Excluir grupos de população por causa da sua fé ou origem está para além da dignidade do nosso Estado liberal”, declarou então. “Ódio a estrangeiros, racismo e extremismo não têm lugar neste país”, acrescentou.
“Os terroristas não venceram e não irão vencer”, disse nesta terça-feira o líder do Conselho Central de Muçulmanos da Alemanha, Aiman Mazyek. O vice-presidente do Conselho Geral dos Judeus na Alemanha, Abraham Lehrer, condenou por seu lado “os actos de vingança” que se seguiram aos ataques contra o Charlie Hebdo, “nomeadamente as agressões contra as mesquitas”. “Judeus, cristãos e muçulmanos dizem juntos 'não' a qualquer violência em nome da crença em Deus”, declarou o bispo de Berlim Markus Dröge. “Por tudo o que a religião nos possa separar, une-nos a vontade de não nos deixar pôr uns contra os outros”, disse pelo seu lado o bispo auxiliar Matthias Heinrich, responsável da Igreja Católica.
Juntaram-se ainda à acção vários ministros, presidentes dos grupos parlamentares, responsáveis de sindicatos e outras associações. Muitos quiseram dar um sinal contra a islamofobia que tem agitado o país com as manifestações do movimento Pegida (acrónimo de Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente) em Dresden. Mas apesar de ganhar força em Dresden, até agora o movimento tem originado sobretudo contra-manifestações no resto do país.
O Pegida não tardou a usar os ataques em França para reivindicar que os seus avisos em relação ao perigo dos islamistas eram fundados. O crescimento do movimento, ainda que focado em Dresden, tem abalado a Alemanha, onde há uma grande preocupação com o discurso extremista.