Morreu Claude Rouquet, um editor apaixonado pela poesia portuguesa
Nos anos 90, a editora de Claude Rouquet, a L'Escampette, divulgou em França muitos dos nomes mais relevantes da poesia portuguesa da época.
Marido de Sylviane Sambor, que organizou durante década e meia (1988-2003), em Bordéus, um festival internacional de literatura especialmente atento aos escritores portugueses, Rouquet fundou em 1991 a editora L’Escampette, que ao longo da década de 90 foi provavelmente o principal veículo de difusão da poesia portuguesa em França.
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Marido de Sylviane Sambor, que organizou durante década e meia (1988-2003), em Bordéus, um festival internacional de literatura especialmente atento aos escritores portugueses, Rouquet fundou em 1991 a editora L’Escampette, que ao longo da década de 90 foi provavelmente o principal veículo de difusão da poesia portuguesa em França.
Contaminado pelo interesse de Sylviane por Portugal e pela literatura portuguesa, Rouquet, que fora sempre um grande leitor, e particularmente apaixonado pela poesia, editou poetas da geração de Jorge de Sena, Sophia, Mário Cesariny ou Eugénio de Andrade, mas revelou também muitos nomes das gerações seguintes, como Ruy Belo, Vasco Graça Moura, Al Berto ou Nuno Júdice, que se tornaria em 1993 o primeiro poeta do catálogo da L’Escampette. Ao todo, publicou mais de 30 livros de autores portugueses.
Nuno Júdice salienta o papel de Claude Roquet e Sylviane Sambor na “revelação em França de uma literatura portuguesa que, no final dos anos 80, tinha a pujança de todos os grandes nomes do século XX”. Uma tarefa na qual foram “muito apoiados”, diz, “por Eduardo Prado Coelho, então conselheiro cultural em Paris”.
Júdice lembra Claude Rouquet como “um homem muito apaixonado” e com “um grande amor pela literatura portuguesa”. Também o editor Manuel Rosa sublinha esse lado “bigger than life” que marcou todos os que o conheceram: “Cada vez há menos gente com esse entusiasmo que o Claude tinha, e fazem-nos muita falta”.
Com um percurso bastante improvável, que o levou a trocar a indústria de calçado pela edição de livros aos quarenta e tal anos, Claude Rouquet era um desses editores que só publicava mesmo aquilo de que gostasse: o catálogo da L’Escampette é o espelho fiel do seu gosto literário e dos seus afectos.
Entrevistado para o PÚBLICO por Sérgio C. Andrade em Maio de 2013, o editor lembra um dos seus grandes amigos portugueses, Al Berto, e considera-o "o maior poeta português da sua geração".
Nos últimos anos, Claude Rouquet vivia com Sylviane Sambor em Chauvigny, perto de Poitiers, onde morreu após vários anos a lutar com um cancro.