Liberdade de não ter medo

Infelizmente atentados destes vão voltar a acontecer, porque por vezes a estupidez humana não tem limites

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Todos os tipos de extremismos são maus e errados por natureza, mas há um que é especialmente destruidor, o extremismo religioso. O atentado em França ao jornal Charlie Hebdo, para além de um ataque sangrento que tirou a vida a 12 pessoas, é um verdadeiro atentado à liberdade de expressão e imprensa.

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Todos os tipos de extremismos são maus e errados por natureza, mas há um que é especialmente destruidor, o extremismo religioso. O atentado em França ao jornal Charlie Hebdo, para além de um ataque sangrento que tirou a vida a 12 pessoas, é um verdadeiro atentado à liberdade de expressão e imprensa.

Ninguém está à espera que um grupo terrorista esteja interessado em respeitar os direitos e liberdades dos europeus, americanos ou de outros quaisquer, pois a sua ideologia não coexiste com esses conceitos. A liberdade deles não termina onde começa a nossa. Por isso cabe-nos a nós, como sociedade, cada vez que um ataque cobarde destes acontece, não deixar que o medo e o terror imperem sobre o que quer que seja, pois estaremos a deixar o terrorismo vencer e atingir o seu objetivo. Não podemos deixar que ninguém nos roube a liberdade de não ter medo.

O que aconteceu com a Sony e o facto de inicialmente cancelarem a exibição do filme por causa do ataque, é exemplo de isso mesmo. Não querendo por os dois ataques no mesmo patamar, pois um foi um ataque informático e o outro foi um ataque que matou 12 pessoas, a verdade é que os dois estão ligados, com o mesmo objectivo e propósito: censurar a liberdade de expressão, especificamente a crítica satírica/cómica e implantar o medo, deixando presente que novos ataques podem acontecer a qualquer momento.

O Charlie Hebdo é um jornal satírico, popular pelos seus cartoons polémicos que já deram muito que falar e, estão na base deste ataque vergonhoso. Mas como em tudo, às vezes o feitiço vira-se contra o feiticeiro, e o resultado final acaba por ser bem diferente do que o planeado.

Estes cartoons, infelizmente pelos piores motivos, vão tornar-se num novo símbolo de tudo o que é desprezível no terrorismo e na luta contra extremismo Islâmico. Aquilo que era para ser censurado, agora eventualmente vai-se tornar mais viral que os vídeos das decapitações a reféns de grupos terroristas. O filme que era para ser cancelado e afastado das salas de cinema, agora está no topo dos mais vistos e descarregados e, eu espero que sociedade que era para ficar aterrorizada, nunca se deixe domar pelo medo. Os cartoonistas, jornalistas, comediantes e quem mais queira, devem continuar a satirizar tudo o que merece ser satirizado, sem medos de repressões ou consequências.

E isto tanto vale para um pais qualquer estrangeiro, como para Portugal, onde os terroristas invés de armas e explosivos andam de fato e gravata, mas que atacam da mesma forma a liberdade e os direitos de todos nós.

Infelizmente atentados destes vão voltar a acontecer, porque por vezes a estupidez humana não tem limites. Vamos continuar a ser vítimas e perpetuadores de ideais religiosos, alguns extremistas, porque sempre assim foi desde o tempo das Cruzadas e sempre assim será... Será?!