Barril de petróleo cai abaixo dos 50 dólares pela primeira vez desde 2009

No Verão, o barril de Brent, que serve de referência às importações europeias, chegou a valer 115 dólares.

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A prospecção de petróleo em Comodoro Rivadavia, Patagónia, atraiu muitos imigrantes Nigel Hicks/Corbis

O novo mínimo atingido ontem, sem paralelo nos últimos cinco anos, acentua o ambiente de depressão que se vive nos mercados e fez soar novos sinais de alerta entre muitos banqueiros centrais que perderam o controlo da inflação, como é o caso do líder do Banco Central Europeu, Mário Draghi (ver texto na página anterior).

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O novo mínimo atingido ontem, sem paralelo nos últimos cinco anos, acentua o ambiente de depressão que se vive nos mercados e fez soar novos sinais de alerta entre muitos banqueiros centrais que perderam o controlo da inflação, como é o caso do líder do Banco Central Europeu, Mário Draghi (ver texto na página anterior).

Os analistas não põem de parte que a tendência de queda possa agravar-se nas próximas semanas, embora nos próximos dias não seja de aguardar uma degradação muito significativa das cotações, com os investidores a consolidarem as suas posições, como sucedeu quando o preço do barril caiu abaixo dos 60 dólares.

O problema é que as razões que conduziram à situação actual não estão a ser combatidas nem sequer há sinais de uma determinação política que possa contribuir para estabilizar a situação. Na base da actual derrocada de preços está uma regra muito simples da economia: o desequilíbrio entre a oferta e a procura.

A agência Reuters citava ontem Bjarne Schieldrop, um analista do banco sueco SEB que acompanha os mercados das matérias-primas, que estimava que há, actualmente, um excesso de oferta que pode situar-se no intervalo compreendido entre 1 e 1,5 milhões de barris por dia.

Do lado da oferta, o mercado ressentiu-se da entrada em força do gás do xisto, em que os Estados Unidos investiram fortemente nos últimos anos, e da recusa da Organização dos Países Produtores de Petróleo em reduzir os níveis de extracção. Do lado da procura, o abrandamento do motor chinês e o fraco desempenho de outras economias asiáticas, bem como o quadro de relativa estagnação em que a zona euro se encontra, acrescentaram problemas para a cotação do ouro negro.

Num quadro de clara incerteza, há especialistas que não põem de parte a possibilidade de a cotação do petróleo poder cair para próximo dos 40 dólares nos próximos meses. E Kenneth Rogoff, professor na Universidade de Harvard, acredita que “o petróleo será a grande história de 2015”.

O ponto máximo onde alguns analistas aceitam chegar é o da previsão de que “o preço do petróleo irá manter-se baixo, pelo menos, durante a primeira metade do ano”, como o fez Gareth-Lewis Davies, que trabalha no banco BNP Paribas, em Londres.

Ganhos e perdas

A presente degradação dos preços do petróleo está a criar problemas a muitos países cujas economias apresentam um forte grau de dependência da extracção e venda da matéria-prima. É o caso da Rússia, que em Dezembro teve que enfrentar uma desvalorização brutal do rublo e que teve de intervir para evitar o colapso da moeda.

O mesmo acontece com o Irão, que já anunciou que irá impor cortes profundos na despesa pública e no investimento no orçamento para o ano em curso, e com a Venezuela, onde a taxa de inflação, que já ultrapassa os 60%, está a dizimar milhares de pequenos negócios e a tornar ingovernável o orçamento das famílias.

Notícia actualizada às 17h00