i/o é um espaço de coworking e uma "nova cultura"
Nuno Veloso começou na Universidade do Porto, viajou pelo mundo em trabalho e acabou por regressar ao Porto, sem licenciatura mas com uma empresa bem sucedida e um novo espaço de coworking para os criativos da cidade. É o Porto i/o
Há café, chá, água e fruta disponíveis todos os dias. Um miminho para a "família" que Nuno Veloso quer criar num dos mais recentes espaços de coworking da cidade. O Porto i/o nasceu da vontade de levar uma "nova cultura" ao Porto e de unir, no mesmo espaço, novos talentos das áreas de tecnologia, comunicação e criatividade.
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Há café, chá, água e fruta disponíveis todos os dias. Um miminho para a "família" que Nuno Veloso quer criar num dos mais recentes espaços de coworking da cidade. O Porto i/o nasceu da vontade de levar uma "nova cultura" ao Porto e de unir, no mesmo espaço, novos talentos das áreas de tecnologia, comunicação e criatividade.
Mais do que um "ecossistema próprio", Nuno quer "uma boa casa" — e fazer com que, quem dela faz parte, "se sinta, de facto, em casa". "Não me interessa ter alguém aqui que trabalha e sai, mas que colabora, que se integre, que crie relações", diz — sejam estas pessoais ou profissionais.
Essa é uma das partes boas do coworking: os contactos que se podem fazer e a entreajuda entre projectos. "A ideia é eu poder ajudar, por exemplo com a minha experiência de 'product manager', ou a colocar em contacto com..." e ser ajudado de volta, explica.
"Eu costumo dizer: 'se só estás à procura de metros quadrados, não é aqui que tens de vir', quando me dizem que por pouco mais do que se paga aqui encontram um espaço próprio. É que para além da mesa, da cadeira, da limpeza... é o ambiente que oferecemos". Os eventos esporádicos de socialização e o lema dizem tudo: "comunidade, coworking, café".
Um mês depois da abertura, no final do ano passado, o espaço já unia 16 pessoas e albergava nove projectos. Com metade das áreas de trabalho disponíveis já preenchidas, o negócio corre bem, mas a "casa cheia" não é o principal objectivo. "Se eu quisesse já tinha enchido isto, mas a ideia é preencher com cabeça e pensar bem nas pessoas que queremos aqui", explica. Para isso, já há algum tempo que Nuno ia ao Porto "conhecer a nova comunidade técnico-criativa da cidade".
"Há que cobrir os gastos e compensar o investimento, mas a verdade é que apesar de querer continuar a fazer isto, não vou viver disto. Esta não vai ser a minha primeira fonte de rendimento", afirma. Com uma empresa na área da Engenharia Informática, que também gere a partir do i/o, criou este espaço como uma forma de alimentar o amor que tem pelo conceito e de dar um "contributo à cidade" para onde sempre quis voltar, depois de ter rumado à Dinamarca, a Inglaterra e a Espanha para trabalhar.
E Nuno não é novo nestas andanças. Já em Barcelona, freelancer e descontente com os espaços que encontrava para trabalhar, criou o seu próprio espaço de coworking. Bem mais pequeno e muito menos "a sério".
"Este espaço dá-nos muito"
A Revisitar e a Startup Pirates foram duas das empresas que passaram no teste. A primeira, do João e da Catarina, é dedicada à produção audiovisual, e a dupla optou por uma sala privada (há duas disponíveis) — não porque se quisessem isolar dos restantes projectos, mas porque o barulho da edição de vídeo pode ser incomodativo para os restantes trabalhadores.
É tudo uma questão de bom senso, é um facto, mas João Brandão acredita que, assim, têm "o melhor dos dois mundos". "Fazemos barulhos enquanto editamos e temos um espaço em que estamos só nós, mas também entramos em contacto com pessoas diferentes de áreas diferentes", seja ao almoço, em cafés em grupo ou outros momentos. "Não há muitos espaços assim no Porto", diz João.
E mesmo que os rendimentos sejam ainda muito controlados, "vale a pena". "Este espaço dá-nos muito", explica Catarina. "Muito", trocado por miúdos, traduz-se em partilha e entreajuda, que foram os principais motivos que também levaram a equipa da Startup Pirates a mudar-se da Asprela para a Baixa. "É mais em conta do que um escritório normal, tem condições muito semelhantes e a vantagem de podermos fazer parte de uma comunidade", explica Rafael Pires.
Para João e Catarina, ter o próprio espaço também foi importante para "criar uma separação entre a vida pessoal e a vida profissional", tarefa difícil quando se é freelancer. "Há sempre o hábito de trabalhar até tarde e depois levantar tarde também... e quando damos por ela, estamos a trabalhar quando devíamos estar a fazer outras coisas", conta João. "Desde que aqui estamos que a produtividade aumentou muito, por exemplo, porque este é o nosso local de trabalho, sem distracções".