100 Architects: eles querem pensar e usar o espaço público
100 Architects é o nome da plataforma, criada por uma portuguesa e dois chilenos. Os jovens arquitectos querem usar o espaço público e já fizeram um projecto em Santiago do Chile
Nos últimos dias de Maio de 2014, uma estação de metro no centro de Santiago do Chile teve uma nova vida. Os caminhos que os utilizadores e transeuntes mais utilizam foram mapeados e o fluxo, constante, transformou-se numa instalação colorida da autoria do projecto 100 Architects. Esta plataforma, cujo site está online desde Dezembro último, foi criada por uma portuguesa e dois chilenos.
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Nos últimos dias de Maio de 2014, uma estação de metro no centro de Santiago do Chile teve uma nova vida. Os caminhos que os utilizadores e transeuntes mais utilizam foram mapeados e o fluxo, constante, transformou-se numa instalação colorida da autoria do projecto 100 Architects. Esta plataforma, cujo site está online desde Dezembro último, foi criada por uma portuguesa e dois chilenos.
“Huellas Artes” foi o primeiro projecto de “arquitectura exposta” que os três amigos levaram a cabo. Madalena Sales, portuguesa de 27 anos a viver e trabalhar em Xangai há três anos, explica ao P3 que a ideia do 100 Architects é simples. “Propor experiências diferentes de espaços que já conhecemos, nas cidades. Ao mesmo tempo, queremos usar a arquitectura como catalisador de cultura e de dinâmicas do espaço que usamos no dia-a-dia e pelo qual passamos, muitas vezes, sem interagir.”
Madalena e Marcial Jesus trabalharam juntos num gabinete de arquitectura australiano, em Xangai. Faziam projectos “de grande escala e do foro privado”: hotéis, centros comerciais, torres de escritórios, enumera a portuguesa. Começaram, assim, a ter vontade de pensar algo diferente o que lhes era pedido diariamente, “a um ritmo acelerado e frenético”. Aos dois colegas juntou-se Pablo Juica, amigo de Marcial, e assim nasceu o 100 Architects, de jovens arquitectos para os seus pares, mas não só.
Interpretar comportamentos
O objectivo é centrarem-se em cidades do mundo emergente, “que estão a crescer a um ritmo muito acelerado e onde não há muita sensibilidade para esse tipo de espaço [público]”, justifica Madalena. É o caso de Xangai, onde este espaço comum “acaba por ficar um bocadinho para trás”. “Ninguém está a propor muito para as pessoas mas sim para os clientes.”
Na capital chilena, os três arquitectos decidiram “interpretar uma série de comportamentos” existentes na envolvente de uma das estações de metro mais movimentadas da cidade, perto do Museu de Belas Artes. “Huellas Artes” (ou “Pegadas Artísticas”) é descrita como “uma configuração arquitectónica que não levanta nenhuma parede”. A pegada dos utilizadores do metro foi transformada em trilho colorido para que os mesmos se apercebam do espaço por que passam. A entrada e a saída das pessoas foram mapeadas, foi criado um ponto de espera e uma zona para artistas de ruas: tudo com muita cor, através de uma imagem gráfica.
Os 100 Architects querem, agora, continuar a intervir no espaço público, envolvendo as pessoas e propondo de acordo com quem está no local. Xangai e Londres são duas das cidades para as quais têm projectos em vista, que se podem vir a concretizar em 2015. Convidam, entretanto, outros arquitectos a partilharem ideias e outros projectos — basta, para isso, aceder à secção “Join us”, do site.