Aumento de peso não é sinónimo de doenças para um quarto dos obesos

Estudo feito por cientistas norte-americanos sugere que os programas de perda de peso devem focar-se mais no perfil metabólico do que no Índice de Massa Corporal.

Foto
Paulo Pimenta

Os investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington pediram a 20 obesos que tentassem ganhar ainda mais peso, durante alguns meses, com uma alimentação baseada em “comida de plástico”, como batatas fritas e hambúrgueres. Sob a supervisão de dietistas, os participantes foram encorajados a ingerir diariamente mais mil calorias do que o habitual, com o objectivo de aumentarem o peso em 6%.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington pediram a 20 obesos que tentassem ganhar ainda mais peso, durante alguns meses, com uma alimentação baseada em “comida de plástico”, como batatas fritas e hambúrgueres. Sob a supervisão de dietistas, os participantes foram encorajados a ingerir diariamente mais mil calorias do que o habitual, com o objectivo de aumentarem o peso em 6%.

Depois, os investigadores analisaram os efeitos do aumento no metabolismo de cada um. Conclusão: aqueles que, antes desta experiência, não apresentavam doenças normalmente associadas à obesidade – como resistência à insulina, colesterol alto ou pressão arterial elevada – permaneciam saudáveis mesmo depois de engordarem sete quilos. Por outro lado, as pessoas que já tinham os perfis metabólicos alterados, pioraram a sua condição com esta dieta de fast food.

Os resultados, publicados nesta sexta-feira no Journal of Clinical Investigation, confirmam o que os cientistas tinham já observado na população com Índice de Massa Corporal (IMC) dentro dos limites normais: cerca de um quarto dos obesos não sofre complicações de saúde susceptíveis de provocarem crises cardíacas, acidentes vasculares cerebrais ou diabetes.

“Estes dados demonstram que os obesos com metabolismo normal [MNO, na sigla em inglês] são resistentes, enquanto os obesos com metabolismo anormal [MAO] são predispostos, aos efeitos metabólicos adversos do aumento moderado de peso”, lê-se no estudo. “Estas conclusões têm implicações clínicas importantes e sugerem que a intensidade da terapia para os obesos deve ser baseada na função metabólica, e não apenas nos valores do IMC”, acrescentam os autores.

Depois do estudo, todos os participantes foram seguidos por dietistas para perderem o peso ganho durante a experiência e fizeram parte de um documentário da cadeia televisiva norte-americana HBO intitulado “Weight of the Nation” (O peso da nação).