Samaras acena com eleições no fim de 2015 para tentar evitá-las já no início do ano
Chefe do Governo grego pisca o olho a independentes e aos pequenos partidos para tentar eleger Presidente e evitar dissolução do Parlamento. Sondagens mantêm favoritismo do Syriza.
É uma tentativa de conseguir apoios à eleição pelo Parlamento do candidato governamental à Presidência da República, Stavros Dimas, que, na quarta-feira, na primeira ronda do escrutínio, não obteve os votos necessários para se tornar chefe de Estado. E, principalmente, para evitar uma ida às urnas já no início de 2015.
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É uma tentativa de conseguir apoios à eleição pelo Parlamento do candidato governamental à Presidência da República, Stavros Dimas, que, na quarta-feira, na primeira ronda do escrutínio, não obteve os votos necessários para se tornar chefe de Estado. E, principalmente, para evitar uma ida às urnas já no início de 2015.
Caso o candidato único falhe a eleição ao fim de três tentativas, o Parlamento é dissolvido e são convocadas eleições antecipadas – que é o que verdadeiramente está em causa. O favorito à vitória nessas eleições é o partido Syriza (Coligação de Esquerda Radical), que se opõe à austeridade dos últimos anos.
“Podemos encontrar um momento apropriado para legislativas no final de 2015”, disse, numa imprevista declaração televisiva, dois dias antes da segunda tentativa para eleger Dimas - candidato à sucessão de Karolos Papoulias - que na primeira ronda obteve 160 dos 200 votos que precisava para ser eleito.
O chefe do executivo disse que a Grécia tem o “dever nacional” de concluir as negociações com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional antes de eleições – o Eurogrupo aprovou um pedido para prolongamento, até final de Fevereiro, do programa da troika, que devia terminar no final de 2014.
Os resultados da primeira ronda presidencial confirmaram que a antecipação em dois meses das presidenciais, anunciada há duas semanas, foi uma jogada política de risco de Samaras. Não conseguiu, até agora, grande proveito com declarações alarmistas que chegam a evocar uma eventual saída do euro.
A comunicação do primeiro-ministro teve como objectivo procurar ganhar apoios entre os deputados que na primeira ronda não votaram a favor de Stavros Dimas, 73 anos, ex-comissário europeu, membro da Nova Democracia, principal partido da coligação que reúne a Nova Democracia e os socialistas do Pasok.
O destinatário das suas palavras não é o Syriza, que pouco depois confirmou que não levaria em conta a proposta. “Acima de tudo teme o julgamento do povo, mas não poderá evitá-lo”, reagiu o partido de esquerda, cuja possível chegada ao poder inquieta os mercados financeiros e os credores da Grécia.
Samaras esperará que a sua mensagem tenha eco junto de mais deputados independentes do que aqueles que na primeira ronda se juntaram aos 155 da maioria e votaram em Dimas – cinco entre os 24 não-alinhados – e nos pequenos partidos, designadamente o Dimar, de centro-esquerda, que tem dez deputados, e os Gregos Independentes, de direita, que têm 12. Ambos têm repetido a indisponibilidade para evitar eleições. Um deputado deste último partido denunciou um alegado suborno para votar com o campo governamental.
A próxima contagem de espingardas é na terça-feira. É improvável a eleição de Dimas na segunda ronda, em que o número de votos necessários continua a ser 200. O cenário tido como mais certo é que a questão seja adiada para uma terceira volta, dia 29, quando a fasquia desce para 180 votos. Mesmo aí, as probabilidades de evitar legislativas já no início de 2015 parecem escassas.
As sondagens mantêm a tendência do eleitorado para dar a o triunfo em legislativas ao Syriza, apesar de alguma diminuição da vantagem que tem vindo a ter. Uma delas, feita já depois da primeira ronda do escrutínio presidencial, publicada este domingo pelo jornal Eleftheros Typos, atribui 27,1% das intenções de voto no partido de esquerda contra 23,7 na Nova Democracia – uma vantagem de 3,4% contra os 5,3% num estudo de Novembro da mesma empresa, a Rass. Noutra pesquisa, feita pela Universidade da Macedónia, a vantagem do Syriza está em 6,5% contra os 7,5% do mês passado. O estudo da Rass indica ainda que 56,3% dos gregos não desejam legislativas antecipadas, com receio da instabilidade política.