Governo escolhe Citigroup para apoiar privatização da TAP

Companhia já retomou venda de bilhetes para as datas da greve geral.

Foto

A escolha do Governo foi noticiada já na passada segunda-feira pela Bloomberg e confirmada pelo PÚBLICO. O Citigroup já fazia parte do grupo de assessores que apoiaram o Estado na primeira tentativa de privatização da companhia, em simultâneo com a venda da gestora aeroportuária ANA.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A escolha do Governo foi noticiada já na passada segunda-feira pela Bloomberg e confirmada pelo PÚBLICO. O Citigroup já fazia parte do grupo de assessores que apoiaram o Estado na primeira tentativa de privatização da companhia, em simultâneo com a venda da gestora aeroportuária ANA.

Havia a indicação de que o executivo iria reduzir, por isso, o número de assessores, já que agora estava em causa a privatização de apenas uma empresa. Mas, em vez de dois, o Governo acabou por escolher apenas um banco.

Tal como o Diário Económico noticiou no início de Dezembro, foram também contratadas duas consultoras (a Deloitte e a PwC) para procederem à reavaliação financeira da TAP, depois de uma primeira análise às contas da empresa ter sido feita em Abril. Idealmente, este trabalho terá de ser concluído até à promulgação do diploma que aprova a privatização do grupo por parte do Presidente da República.

A venda da TAP foi relançada no Conselho de Ministros a 13 de Novembro, prevendo-se, numa primeira fase, a alienação de 66% do grupo. No entanto, a intenção é que o Estado saia totalmente do capital a médio prazo, tendo ficado estabelecido que os restantes 34% poderão ser vendidos no período de dois anos após a assinatura do contrato.

Foi precisamente a privatização da companhia que gerou um braço-de-ferro entre o Governo e os sindicatos, resultando na convocação de uma greve geral de quatro dias entre o Natal e o Ano Novo. Mas, apesar da paralisação, o executivo não colocou o processo em stand-by, tendo avançado com a escolha do assessor.

O Citigroup, de resto,  foi escolhido na segunda-feira, precisamente o dia em que o executivo aguardava pela proposta dos sindicatos para colocar um ponto final aos protestos – o ponto um do memorando enviado para o Ministério da Economia era, precisamente, a suspensão da privatização até que as negociações chegassem a bom porto.

TAP reabre venda de bilhetes
A TAP já reabriu a venda de bilhetes para o período da greve geral, a 27, 28, 29 e 30 de Dezembro, depois de o Governo ter aprovado a requisição civil, obrigando os trabalhadores a comparecerem ao serviço.

Numa nota publicada no Facebook, a companhia de aviação informa que “no cumprimento das decisões do Conselho de Ministros de ontem [quinta-feira], os serviços da TAP estão a desenvolver todas as acções necessárias à garantia da realização dos voos programados entre 27 e 30 de Dezembro. Desta forma estão reabertas as vendas para os voos do período referido, podendo ser aceites alterações de acordo com as disponibilidades dos voos”.

Desde quinta-feira que a TAP deixou de aceitar o reembolso dos bilhetes ou a transferência para outras transportadoras aéreas, embora tivesse mantido a possibilidade de os passageiros optaram por datas alternativas para voar.

Desde que a greve geral de quatro dias foi anunciada, a empresa perdeu 25 mil das 130 mil reservas que tinha para os quatro dias. Uma parte dos clientes optou simplesmente por pedir o dinheiro de volta, causando uma perda imediata de receitas para a TAP.

A decisão tomada pelo Governo obrigará 70% dos trabalhadores a comparecerem ao serviço no período da paralisação, de modo a assegurar a totalidade da operação da empresa, que naquele período tem 1141 voos programados.

Os 12 sindicatos que convocaram a greve ainda não decidiram o que fazer perante a aprovação da requisição civil. Tal como o PÚBLICO noticiou nesta sexta-feira, uma hipótese é a transferência dos protestos para Janeiro, já que o Governo não poderá argumentar que se trata da quadra natalícia.

Mas os sindicatos poderão simplesmente cancelar a greve de Dezembro, sem convocar uma nova, ou até manter a paralisação entre 27 e 30 de Dezembro, embora saibam que existem riscos nessa decisão. Além de se anteverem momentos de tensão, haverá graves consequências para os trabalhadores que não comparecerem ao serviço.

Neste momento, a plataforma sindical que convocou os protestos só abrange 11 sindicatos, já que os tripulantes decidiram abandonar o grupo, embora tenham mantido os pré-avisos de greve.

Nesta sexta-feira, o presidente da TAP esteve reunido com os sindicatos a partir das 10h. Fernando Pinto convocou-os após a decisão do Governo de avançar com a requisição civil.