Um em cada três emigrantes de 2013 tinha mais de 40 anos
Aumento da emigração é o factor que mais contribui para a diminuição da população residente em Portugal, lembra a Pordata no Dia Internacional das Migrações
Entre 2010 e 2013, o país perdeu 146 mil pessoas, conforme recorda o Pordata, numa nota em que a base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos enumera os números que traduzem as tendências demográficas dos últimos anos, a propósito do Dia Internacional das Migrações que se assinala esta quinta-feira.
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Entre 2010 e 2013, o país perdeu 146 mil pessoas, conforme recorda o Pordata, numa nota em que a base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos enumera os números que traduzem as tendências demográficas dos últimos anos, a propósito do Dia Internacional das Migrações que se assinala esta quinta-feira.
Além do saldo natural que nos últimos anos se tem mantido em valores negativos, com mais mortes do que nascimentos (e recorde-se, a propósito que, em 2013, essa diferença foi de -23,8 mil), a diferença entre o número de pessoas que emigram e os imigrantes que entram também é o que mais tem pesado na diminuição da população residente em território nacional. Em 2013, houve mais 60 mil portugueses a sair do que imigrantes a entrar.
Para Maria João Valente Rosa, directora do Pordata, o saldo migratório negativo “reflecte verdadeiramente o estado em que o país se encontra”, ou seja, “incapaz de encontrar formas de atrair pessoas vindas de fora, que devia ser a grande aposta dos governantes”. Isto porque as migrações acabam por pesar mais na dinâmica populacional do que a questão da natalidade por si só. “As migrações têm efeitos directos e indirectos nos nascimentos, no envelhecimento, na economia… O que me surpreende é que esta questão não esteja a ser tão enfatizada quanto deveria”, insiste a socióloga.
Os estrangeiros eram, em 2009 e 2010, responsáveis por mais de 10% dos nascimentos registados nesses anos. Em 2013, e porque Portugal tem visto sair muitos dos seus imigrantes, os nascimentos de filhos de mãe estrangeira já tinham descido para os 8,9%.
Do lado dos emigrantes, no ano passado 12,3 por cada mil habitantes foram residir e trabalhar no estrangeiro. Há uma década, só 3 em cada mil habitantes emigravam. E, embora a maioria das pessoas (57%) que emigra tenha entre 20 e 39 anos, a Pordata encontrou nos números pessoas cada vez mais velhas a optar por trabalhar e viver no estrangeiro. No ano passado, um em cada três emigrantes tinha mais de 40 anos.
Saem em idade de ter filhos e sabem, sobretudo, numa altura em que “sendo a esperança de vida à nascença de cerca de 80 anos, os projectos de vida estão a meio”, conforme sublinha Valente Rosa, enquadrando assim o “envelhecimento” dos emigrantes, nesta “alteração profunda dos tempos de vida a que temos vindo a assistir”.
Em termos de remessas dos emigrantes, que em 2013 representavam 1,8% do Produto Interno Bruto, o maior volume provém de França, Suíça e Angola. As remessas provenientes de Angola representavam no ano passado 10% do total de remessas de emigrantes, mas em 1996 não ultrapassavam os 0,2%.
Do outro lado da moeda, Portugal é o 19º país da União Europeia com mais baixas percentagens de estrangeiros residentes: representavam apenas 4% do total da população. Depois de quase três décadas em que a população estrangeira residente em Portugal aumentou continuamente, nos anos mais recentes os imigrantes têm vindo a diminuir a uma média de 3% ao ano.
Os brasileiros continuam a ser a comunidade estrangeira mais representativa: 23% do total. Seguem-se os cabo-verdianos, ucranianos e os romenos. Juntas, estas quatro nacionalidades representam mais de metade dos estrangeiros residentes em Portugal.
Por outro lado, a população chinesa é actualmente quatro vezes mais numerosa do que há dez anos. Em 2003, havia cinco mil chineses e, no ano passado, ultrapassavam já os 18 mil.
Notícia actualizada às 16h15