EUA, Rússia e Cuba na ribalta da História
O velho triângulo da Guerra Fria reemerge, agora com os Estados Unidos a marcarem mais pontos.
Nos anos 1960, quando a Rússia era ainda um império comunista e Cuba um seu aliado e satélite político, os Estados Unidos tentaram por várias vezes quebrar esse elo, por via militar, política ou económica. Por causa desse triângulo, desfavorável estrategicamente aos Estados Unidos (EUA), chegámos a estar perto de nova guerra mundial (durante a chamada "crise dos mísseis" de Cuba). Cinco décadas passadas, extinta há muito a União Soviética e finda a Guerra Fria, eis que um presidente americano põe fim a uma herança desses tempos e anuncia uma mudança radical nas relações dos EUA com Cuba, com um “restabelecimento total das relações diplomáticas” a breve prazo. Obama, que no anúncio desta medida histórica citou José Martí (herói nacional cubano) e agradeceu ao Papa Francisco e ao actual líder cubano, Raúl Castro, fez questão de dizer que o que muda é a relação “com o povo de Cuba”. Não deixou ilusões quanto à liderança cubana (os Castros e o mesmo partido de há cinco décadas), mas aceita, agora, negociar com ela. Aliás, se os EUA negociam com a China ou o Vietname, por que razão não hão-de fazê-lo com Cuba? Isto, que era óbvio para muita gente, tornou-se a partir desta quarta-feira uma evidência ao ser dito pelo Presidente dos Estados Unidos. Claro que sem a libertação do norte-americano Alan Gross, que Cuba mantinha preso há quatro anos (em “troca”, os EUA libertaram os últimos três dos cinco cubanos presos no seu território), nada disto seria possível. Mas foi, e num momento em que a Rússia atravessa uma grave crise com a queda acelerada do rublo, crise essa motivada pela conjugação de factores externos, a quebra nos preços do petróleo e as sanções conjugadas da União Europeia e dos EUA, os mesmos que agora estendem a mão ao seu antigo aliado, quebrando um velho tabu. Consequências? Haverá, claro. Mais da crise russa do que da “recuperada” Cuba.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Nos anos 1960, quando a Rússia era ainda um império comunista e Cuba um seu aliado e satélite político, os Estados Unidos tentaram por várias vezes quebrar esse elo, por via militar, política ou económica. Por causa desse triângulo, desfavorável estrategicamente aos Estados Unidos (EUA), chegámos a estar perto de nova guerra mundial (durante a chamada "crise dos mísseis" de Cuba). Cinco décadas passadas, extinta há muito a União Soviética e finda a Guerra Fria, eis que um presidente americano põe fim a uma herança desses tempos e anuncia uma mudança radical nas relações dos EUA com Cuba, com um “restabelecimento total das relações diplomáticas” a breve prazo. Obama, que no anúncio desta medida histórica citou José Martí (herói nacional cubano) e agradeceu ao Papa Francisco e ao actual líder cubano, Raúl Castro, fez questão de dizer que o que muda é a relação “com o povo de Cuba”. Não deixou ilusões quanto à liderança cubana (os Castros e o mesmo partido de há cinco décadas), mas aceita, agora, negociar com ela. Aliás, se os EUA negociam com a China ou o Vietname, por que razão não hão-de fazê-lo com Cuba? Isto, que era óbvio para muita gente, tornou-se a partir desta quarta-feira uma evidência ao ser dito pelo Presidente dos Estados Unidos. Claro que sem a libertação do norte-americano Alan Gross, que Cuba mantinha preso há quatro anos (em “troca”, os EUA libertaram os últimos três dos cinco cubanos presos no seu território), nada disto seria possível. Mas foi, e num momento em que a Rússia atravessa uma grave crise com a queda acelerada do rublo, crise essa motivada pela conjugação de factores externos, a quebra nos preços do petróleo e as sanções conjugadas da União Europeia e dos EUA, os mesmos que agora estendem a mão ao seu antigo aliado, quebrando um velho tabu. Consequências? Haverá, claro. Mais da crise russa do que da “recuperada” Cuba.