Erdogan diz à UE para se “meter nos seus assuntos”

Governo turco defende as detenções, na véspera, de 31 pessoas, incluindo os directores de um jornal e de uma televisão, colunistas e polícias.

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Manifestantes à porta do quartel-general da polícia de Istambul Ozan Kose/AFP

Menos de 48 horas depois de Erdogan ter assinado uma lei que autoriza detenções com base em “dúvidas razoáveis”, domingo a Turquia assistiu a raides na redacção do jornal de maior circulação do país, o Zaman, e da televisão Samanyolu. Alguns colunistas do Zaman, um produtor da Samanyolu, o realizador e os guionistas de uma telenovela do canal foram entretanto postos em liberdade, mas tanto Ekrem Dumanli, director do Zaman, como Hidayet Karaca, director da cadeia de televisão, permaneciam detidos na segunda-feira e os seus advogados esperavam que fossem ouvidos terça por um juiz.

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Menos de 48 horas depois de Erdogan ter assinado uma lei que autoriza detenções com base em “dúvidas razoáveis”, domingo a Turquia assistiu a raides na redacção do jornal de maior circulação do país, o Zaman, e da televisão Samanyolu. Alguns colunistas do Zaman, um produtor da Samanyolu, o realizador e os guionistas de uma telenovela do canal foram entretanto postos em liberdade, mas tanto Ekrem Dumanli, director do Zaman, como Hidayet Karaca, director da cadeia de televisão, permaneciam detidos na segunda-feira e os seus advogados esperavam que fossem ouvidos terça por um juiz.

Ao todo, foram detidas 31 pessoas e houve raides da polícia em 13 províncias, mas a operação foi lançada pela Procuradoria de Istambul. Para além de jornalistas, executivos de grupos de media e colunistas, foram detidos pelo menos dois responsáveis da polícia. Em comum, os media visados têm o facto de serem considerados próximos do movimento de Fethullah Gülen, o líder religioso que chefia uma rede global de escolas e que durante anos foi aliado de Erdogan na luta contra o poder dos militares.

Segundo o procurador Hadi Salihoglu, os detidos são acusados de “criar, dirigir ou pertencer a uma organização terrorista”. "Isto não é uma investigação às actividades dos jornalistas", garantiu ao jornal pró-Governo Sabah o primeiro-ministro, Ahmed Davutoglu.

As detenções já eram esperadas – numa conta de Twitter em nome de Fuat Avni, pseudónimo de um informador com centenas de milhares de seguidores, escreveu-se que a polícia se preparava para deter 30 pessoas, incluindo Dumanli. Na sexta-feira, Fuat Avni antecipara uma operação para deter 400 turcos associados a Gülen, incluindo 150 jornalistas, mas depois afirmou que esses planos foram suspensos por causa da fuga de informação.

Para além de Bruxelas, Washington apelou “às autoridades turcas para garantirem que as suas acções não” violam “a liberdade dos media, o Estado de direito e a independência judicial”. “Media que têm sido críticos do actual Governo estão entre os alvos” dos raides e das detenções”, nota o Departamento de Estado num comunicado.

Na Turquia, houve protestos à porta dos media envolvidos, de tribunais e esquadras. Muitos manifestantes levavam a edição do dia do Zaman – o jornal escreveu o seu próprio título sobre um fundo negro acima da manchete “Dia negro para a democracia”.

“Parece que os media são uma vez mais um alvo na luta política de Erdogan com os seus ex-aliados gulenistas”, comentou Emma Sinclair-Webb, a principal investigadora da Human Rights Watch na Turquia, lembrando “os mais de 200 jornalistas que já estão nas cadeias turcas". “O calendário e o pouco que foi tornado público sobre as detenções sugere que estas são motivadas politicamente e não se baseiam em suspeitas razoáveis de crimes.”

As detenções acontecem na semana em que se cumpre um ano desde as acusações de corrupção que envolvem próximos de Erdogan, na altura primeiro-ministro, e levaram à demissão de cinco membros do seu governo. As investigações, que Erdogan descreve como uma conspiração de Gülen, foram primeiro divulgadas nas redes sociais mas muito noticiadas pelo Zaman e pelo grupo Samanyolu.