Aveiro mantém as BUGA mas o "G" já não será de "Gratuita"

Bicicletas de uso partilhado de Aveiro vão ser parcialmente pagas. Autarquia está na fase final de relançamento do projecto, que devera estar no terreno antes do Verão de 2015.

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Restam poucas BUGA das lançadas há 14 anos e são utilizadas sobretudo por turistas Adriano Miranda

Por enquanto, diz o autarca do PSD, não podem ser adiantados grandes pormenores, porque há discussões com parceiros que ainda vão ter lugar. Mas já há uma certeza: é preciso arranjar outro significado para a letra “G” no nome BUGA, já que a sua utilização deixará de ser integralmente gratuita. “Mas o nome vai manter-se, claro”, afirma Ribau Esteves.

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Por enquanto, diz o autarca do PSD, não podem ser adiantados grandes pormenores, porque há discussões com parceiros que ainda vão ter lugar. Mas já há uma certeza: é preciso arranjar outro significado para a letra “G” no nome BUGA, já que a sua utilização deixará de ser integralmente gratuita. “Mas o nome vai manter-se, claro”, afirma Ribau Esteves.

Lançadas há 14 anos, num projecto pioneiro em Portugal e com escassos precedentes na Europa, as BUGA mereceram de uma grande notoriedade, numa altura em que, diz Ribau Esteves, a gratuitidade era importante, e o investimento [“chegaram a custar 300 mil euros por ano”, contabiliza] era uma opção política assumida: “Foi uma decisão do executivo de então. Investiu-se em bicicletas, em vez de num pavilhão ou outra coisa qualquer”, aponta. Hoje em dia o projecto está “moribundo”, “quase falido”.

Das mais de 300 bicicletas que chegaram a fazer parte do projecto, restam 30, e a sua utilização, dependente de uma loja única, tem-se verificado apenas ao fim-de-semana, e por turistas. “Temos evitado que o projecto morra, ainda estamos a gastar nele 30 mil euros por ano. Mas é um projecto insustentável. A Câmara de Aveiro não tem dinheiro para andar a estourar em bicicletas”, avisa Ribau Esteves.

Não tem agora, nem vai ter após o relançamento do projecto, admite o autarca. “Dos três cenários de financiamento que estão em cima da mesa, o que tem probabilidade praticamente nula de acontecer é aquele que estima um investimento integral do município”, assume. Ribau Esteves até admite que a autarquia possa fazer um investimento parcial, mas apenas se “houver uma grande fatia de financiamento comunitário ao projecto” - e este é  o segundo cenário equacionado. A terceira hipótese, aparentemente a de concretização mais provável, é aquela que prevê o financiamento do projecto por privados, através de inserção de publicidade nas bicicletas.

Esta é uma solução que, por exemplo, o município de Águeda está a adoptar desde há três meses, no conjunto de dez bicicletas eléctricas de utilização integralmente gratuita que mantém a circular no concelho. E, actualmente, o programa “beagueda” está a procura de investidores que suportem os 21 mil euros requeridos pela aquição de outras dez, e respectivos postes de fixação.

Mas em Aveiro já está assumido que as BUGA não serão integralmente gratuitas: haverá uma componente gratuita, mas outras em que é a utilização será paga. “Acreditamos que esse facto também vai ajudar a racionalizar a utilização, e a evitar o vandalismo a que as bicicletas estão normalmente sujeitas”, argumenta Ribau Esteves.

A Câmara de Vila do Conde é um dos municípios onde vigora este sistema misto. No programa BiConde a gratuitidade só é possível aos utilizadores frequentes, e apenas durante a primeira hora. 

O relançamento das BUGA tem vindo a ser desenhado no âmbito do projecto europeu Site (Smart ticketing for mobility in Europe) que une a Câmara de Aveiro, a Universidade de Aveiro e a Transitec, um gabinete de estudos da área da mobilidade. E, adianta Ribau Esteves, o relançamento do projecto há-de acontecer em simultâneo com uma campanha de promoção do uso de bicicleta própria nos movimento pendulares entre a casa e a escola ou a casa e o trabalho. “É preciso fomentar a cultura de andar de bicicleta, que em Aveiro é muito diminuta. Há outros municípios da região em que existe a tradição de andar de bicicleta, como na Murtosa ou em Ílhavo. Em Aveiro, essa tradição não existe e é importante fomentá-la”, defende.

De acordo com os dados obtidos no Censos 2011, os concelhos com mais utilizadores de bicicleta nos movimentos pendulares diários (em termos relativos, e face aos veículos de quatro rodas) é o município de Murtosa (17%), seguido de Ílhavo, com dez por cento. Aveiro não aparece na lista dos dez primeiros e tem uma taxa de utilização relativa de bicicleta inferior a três por cento. “Queremos alterar esta realidade e por isso aceitámos o desafio da Fórum Estudante, para sermos a próxima Capital Jovem da Segurança Rodoviária. 2015 vai ser um ano importante para a mobilidade em Aveiro”, promete Ribau Esteves.