Facebook vai perguntar-lhe se quer mesmo publicar uma selfie após uma noitada

Equipa de investigação da rede social quer criar uma espécie de assistente digital que alerte os utilizadores para imagens que os possam comprometer.

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Miguel Manso

A ideia é de Yann LeCun, professor na Universidade de Nova Iorque, EUA, e responsável pelo laboratório de investigação na área da inteligência artificial no Facebook, mais conhecido como FAIR. LeCun quer criar uma espécie de assistente digital que reconhece quando o utilizador se prepara para publicar uma fotografia que o pode constranger mais tarde. Basicamente, como contou à revista Wired, esse assistente irá alertar que a imagem do utilizador alcoolizado, por exemplo, vai ser tornada pública. “Tem a certeza que quer que o seu chefe e a sua mãe vejam isto?”, exemplifica o francês.

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A ideia é de Yann LeCun, professor na Universidade de Nova Iorque, EUA, e responsável pelo laboratório de investigação na área da inteligência artificial no Facebook, mais conhecido como FAIR. LeCun quer criar uma espécie de assistente digital que reconhece quando o utilizador se prepara para publicar uma fotografia que o pode constranger mais tarde. Basicamente, como contou à revista Wired, esse assistente irá alertar que a imagem do utilizador alcoolizado, por exemplo, vai ser tornada pública. “Tem a certeza que quer que o seu chefe e a sua mãe vejam isto?”, exemplifica o francês.

LeCun é especialista no desenvolvimento de algoritmos de reconhecimento de caligrafia, que permitiram a criação da tecnologia que foi depois aplicada à leitura de cheques depositados em máquinas automáticas. Desenvolveu ainda outros trabalhos na área das redes neuronais artificiais, nas quais os computadores funcionam de forma análoga ao cérebro, em sistemas que permitem que estes sejam capazes de aprender.

No caso do assistente digital, LeCun explica que isso seria possível através da criação de uma tecnologia de reconhecimento de imagem que conseguisse distinguir o utilizador bêbedo do utilizador sóbrio, e utilizando uma forma de inteligência artificial chamada “deep learning” (aprendizagem profunda) o Facebook já consegue identificar o rosto do utilizador e dos seus amigos em fotografias com base nos que estes foram publicando na rede social.

A equipa de LeCun consegue examinar, através de algoritmos de “deep learning”, o comportamento do utilizador no Facebook no sentido de identificar o conteúdo adequado ao seu feed de notícias. Em breve, o investigador admite que a rede social terá capacidade para analisar os textos escritos pelo utilizador e sugerir, por exemplo, hashtags que possam ser relevantes para aqueles conteúdos.

Apesar destas evoluções entusiasmarem as equipas de investigação do Facebook, há utilizadores que podem rejeitar sugestões vindas de um sistema informático ou que este os identifique através de imagens privadas e que apenas estarão disponíveis para amigos previamente seleccionados. LeCun responde a estes possíveis obstáculos sublinhando que apenas se pretende dar “ao utilizador mais controlo online sobre a sua identidade”.

A equipa do francês tem vários objectivos a curto prazo e parece não estar preocupada com hipotéticas violações dos direitos dos utilizadores porque acredita que o seu trabalho não é um atentado aos mesmos. No topo das metas de LeCun e dos seus colegas está a criação do assistente digital. “Precisamos de uma máquina que entenda realmente conteúdos e compreenda as pessoas e conseguia juntar toda essa informação”, observou à Wired.