"Radicalismo político" de Mário Soares leva CDS a opor-se à entrega da Chave da Cidade
Vereador do CDS na Câmara de Lisboa diz que o antigo Presidente da República tem assumido "posições de incitamento à violência".
“Em política, as palavras têm consequências e o nosso partido não deve com o seu voto concordar ou de alguma forma legitimar essas posições”, sustenta Gonçalves Pereira, numa declaração de voto da qual deu conhecimento à comunicação social.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Em política, as palavras têm consequências e o nosso partido não deve com o seu voto concordar ou de alguma forma legitimar essas posições”, sustenta Gonçalves Pereira, numa declaração de voto da qual deu conhecimento à comunicação social.
A proposta de atribuir a Chave de Honra da Cidade ao socialista Mário Soares foi discutida na reunião camarária de quarta-feira, tendo sido aprovada com os votos favoráveis da maioria e do PSD, a abstenção do PCP e o voto contra do CDS.
“Numa ocasião de tão grande significado, aquela em que ele comemora o seu 90.º aniversário, tenho a honra de propor que a Câmara Municipal de Lisboa delibere atribuir a Chave de Honra da cidade de Lisboa ao Dr. Mário Soares, em reconhecimento pelos serviços prestados e em louvor do seu combate pela democracia, pela cidadania, pela cultura, pela projecção de Portugal e da sua capital no mundo”, dizia o presidente do município, António Costa, naquela proposta.
Na sua declaração de voto, o vereador do CDS diz que o seu partido “reconhece o percurso e a carreira política nacional e internacional do Dr. Mário Soares (...), assim como reconhece o seu papel em defesa da liberdade e da democracia”. “No entanto”, acrescenta João Gonçalves Pereira, “o CDS-PP não pode deixar de considerar que o Dr. Mário Soares não é nos dias de hoje uma personalidade consensual, tendo assumido posições de radicalismo político e de incitamento à violência que não podem ser esquecidas”.
O eleito centrista lembra ainda, referindo-se a Carlos Lopes, José Saramago e Durão Barroso, que até hoje houve três “personalidades nacionais” agraciadas com a Chave de Honra da Cidade. Nesses casos, sublinha João Gonçalves Pereira, “estiveram em causa feitos ou obras internacionalmente reconhecidas”. O vereador termina a sua declaração de voto dizendo que “esse patamar deve ser preservado e não deve ser confundido com um aniversário pessoal ou um mero gesto político”.