Cavaco diz que matérias tratadas com Salgado "são reservadas"

Ex-banqueiro manifestou em Março ao Presidente da República disponibilidade para deixar o BES.

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Cavaco com o rei de Espanha na Cimeira Ibero-Americana que hoje terminou em Veracruz, no México REUTERS/Tomas Bravo

"Como tenho dito várias vezes, as matérias tratadas nas audiências com o Presidente da República são reservadas e nunca revelei aquilo que se passa nas reuniões, quer com políticos, quer com sindicalistas, quer com cientistas, quer com empresários. Fazem parte da informação que compete ao Presidente recolher sobre a situação do país", declarou Cavaco Silva aos jornalistas, no México.

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"Como tenho dito várias vezes, as matérias tratadas nas audiências com o Presidente da República são reservadas e nunca revelei aquilo que se passa nas reuniões, quer com políticos, quer com sindicalistas, quer com cientistas, quer com empresários. Fazem parte da informação que compete ao Presidente recolher sobre a situação do país", declarou Cavaco Silva aos jornalistas, no México.

O chefe de Estado português fez esta afirmação numa conferência de imprensa no final da XXIV Cimeira Ibero-Americana, na cidade mexicana de Veracruz, a propósito das declarações feitas hoje por Ricardo Salgado na comissão de inquérito, no parlamento, em Lisboa, sobre a gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo.

Na mesma ocasião, Cavaco Silva contestou também que tenha influenciado, com afirmações proferidas na Coreia do Sul, em Junho passado, a compra de acções do BES, referindo que falou um mês depois do aumento de capital do banco.

"Surpreende-me muito aquilo que alguns meios de comunicação portugueses têm dito em relação àquilo que eu afirmei, com base nas informações que tinha na altura, na Coreia do Sul, porque essas declarações tiveram lugar mais de um mês depois de ter ocorrido o aumento de capital por parte do BES, isto é, mais de um mês depois de os cidadãos terem subscrito, comprado acções do BES", declarou.

Por seu lado, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, voltou a defender que o Estado actuou corretamente na resolução do Banco Espírito Santo (BES) e recusou comentar os depoimentos feitos na comissão parlamentar de inquérito.

"Houve uma decisão atempada do Banco de Portugal, que contou com todo o apoio do Governo. Estou convencido, desde essa altura, que foi a melhor decisão para o país. Mas não farei nenhum comentário em concreto, muito menos a partir daqui, sobre afirmações que possam ser feitas por quem vai depor à comissão de inquérito", declarou Passos Coelho, na conferência de imprensa, no final da XXIV Cimeira Ibero-Americana, ao lado de Cavaco Silva.

Perante a insistência dos jornalistas, que lhe perguntaram se o aconteceu ao BES foi uma decisão política e em que medida procurou ou dispensou informação sobre o caso, Passos Coelho referiu que "teria certamente muito para responder" sobre este tema, mas não abordou diretamente essas questões.

"O que se passou será apurado, com certeza, em sede de comissão de inquérito, e estou convencido de que o Estado procedeu corretamente em matéria de resolução do BES", limitou-se a responder Passos Coelho.