Presidente da TAP assume que resultados de 2014 vão ficar abaixo do previsto

Companhia prepara-se para avançar com operação de venda e aluguer dos quatro A340 para criar almofada financeira durante a privatização.

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Fernando Pinto defendeu que privatização é "absolutamente necessária" Miguel Manso

Num encontro com jornalistas, o presidente da TAP referiu ainda que, no que diz respeito ao grupo TAP (que agrega não só o negócio da aviação, mas também subsidiárias como Cateringpor, as Lojas Francas e a unidade de manutenção brasileira), “todas as empresas deverão dar lucros, à excepção da M&E Brasil”. No que diz respeito a esta última participada, adquirida em 2005 e que nunca deu resultados positivos, Fernando Pinto referiu que “já deverá chegar próximo da estabilidade no resultado operacional”.

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Num encontro com jornalistas, o presidente da TAP referiu ainda que, no que diz respeito ao grupo TAP (que agrega não só o negócio da aviação, mas também subsidiárias como Cateringpor, as Lojas Francas e a unidade de manutenção brasileira), “todas as empresas deverão dar lucros, à excepção da M&E Brasil”. No que diz respeito a esta última participada, adquirida em 2005 e que nunca deu resultados positivos, Fernando Pinto referiu que “já deverá chegar próximo da estabilidade no resultado operacional”.

De acordo com o gestor, um dos factores que irá penalizar as contas da companhia de aviação são as sucessivas greves que a empresa tem enfrentado este ano. Os pilotos foram os primeiros a parar, a 9 de Agosto, seguindo-se protestos de quatro dias por parte dos tripulantes, a 30 de Outubro, 1 e 30 de Novembro e ainda 2 de Dezembro. Estes trabalhadores voltam às greves já esta semana, mas afectando apenas a transportadora aérea regional PGA.

Fernando Pinto afirmou que estas acções de luta “estão a virar uma rotina”, sendo “péssimas para a TAP e para os passageiros”. “Cada dia de greve tem um efeito temporal muito mais alargado, fazendo-se sentir às vezes por uma semana inteira”, acrescentou.

Além dos prejuízos directos, que o gestor calculou em 25 milhões de euros usando como base uma estimativa de perda diária de receitas na ordem dos cinco milhões, estes protestos “têm retirado à TAP a participação no mercado. Esse é o risco quando se atende mal o passageiro”, referiu.

Mais uma vez, Fernando Pinto defendeu que as greves devem ser “o último recurso” numa empresa “que opera num mercado competitivo”. O mais prejuízo, disse, “é para cada um dos trabalhadores”.

Tal como o PÚBLICO noticiou nesta terça-feira, está em cima da mesa a marcação de uma greve conjunta por parte de todos os sindicatos que representam trabalhadores da TAP. Neste caso, a paralisação servirá para contestar a privatização do grupo, que o Governo decidiu relançar em meados de Novembro.

Sobre a venda, o gestor brasileiro, que veio para a TAP no ano 2000 com o objectivo de alienar a companhia de aviação à Swissair e viu esse objectivo fracassar, afirmou que “há bons candidatos, credíveis” na corrida. “O parceiro ideal é o que venha ajudar a empresa a desenvolver-se e que possa trazer sinergias”, assim como “capacidade para trazer uma tesouraria sólida”.

A decisão tomada em Conselho de Ministros a 13 de Novembro implica, numa primeira fase, a privatização de 66% do capital da TAP, mas o objectivo é que o Estado saia do capital a médio prazo, prevendo-se a alienação dos restantes 34% num período de dois anos após a assinatura do contrato de venda.

O executivo já recebeu quatro manifestações de interesse na compra do grupo TAP. Nessa lista, figuram o consórcio liderado pelo empresário português Miguel Pais do Amaral e pelo milionário norte-americano Frank Lorenzo, bem como a companhia brasileira Azul, o grupo espanhol Globalia e Gérman Efromovich, que viu a sua oferta ser rejeitada no final de 2012, obrigando o Governo a relançar agora o processo. Mais recentemente, a transportadora aérea brasileira Gol sondou o Governo para obter mais detalhes sobre o processo.

No encontro com jornalistas, Fernando Pinto admitiu que, com a decisão tomada em Conselho de Ministros, “há hoje a hipótese de se ter alargado o número de interessados”, embora não tenha explicitado o nome dos novos potenciais candidatos. E defendeu a privatização do grupo como “absolutamente necessária”. “O problema não é só capital, mas também da dificuldade que hoje existe em gerir uma empresa que está no sector empresarial do Estado” e, por isso, sujeita a limites nas remunerações e na contratação dos trabalhadores, frisou.

Tal como em 2012, o processo de privatização agora em curso vai ter implicações na gestão financeira da TAP, que além das greves foi penalizada pelos sucessivos incidentes e cancelamentos registados no Verão. Se, há dois anos, o grupo teve de recorrer a um empréstimo de 100 milhões de euros da Parpública, agora está a “renegociar [os empréstimos] com as entidades financeiras” e a tomar medidas como a suspensão da renovação da frota da PGA e de ajustes na rede, como a suspensão das rotas de Tulin, Belgrado, S. Petersburgo e Londres-Funchal.

Outro ponto deste plano de acção passa por uma operação de sale and leaseback (venda e aluguer) dos seus quatro A340, a concluir “nos primeiros dois meses do próximo ano”, adiantou Fernando Pinto. O gestor explicou que estes equipamentos “teriam de ser entregues quando viessem os novos [os A350]” e que “era preferível vendê-los agora”.

A tesouraria da companhia também tem sido afectada pela retenção de receitas na Venezuela e em Angola, num total de 130 milhões de euros. Quanto a este problema, o presidente da TAP garantiu que, no mercado angolano, “está a entrar-se na normalidade”. Já sobre o conflito com o Governo venezuelano, que afecta toda a indústria, confirmou apenas os valores avançados pelo PÚBLICO, de que está em causa uma dívida de 100 milhões.