Senado prepara-se para divulgar relatório sobre tortura na CIA
Embaixadas e bases americanas estão com segurança aumentada preparando-se para consequências da divulgação do documento, prevista para esta terça-feira.
Do pouco que se conhece do relatório, da autoria da senadora democrata Dianne Feinstein, sabe-se que "detalha situações de privação do sono, isolamento e waterboarding", esta última considerada tortura pelas organizações de defesa dos direitos humanos e pelo actual Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Do pouco que se conhece do relatório, da autoria da senadora democrata Dianne Feinstein, sabe-se que "detalha situações de privação do sono, isolamento e waterboarding", esta última considerada tortura pelas organizações de defesa dos direitos humanos e pelo actual Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
A comissão do Senado acusa os antigos responsáveis da CIA de terem mentido ao então Presidente, George W. Bush, ao Congresso e ao povo americano, ocultando actos de tortura, principalmente na primeira metade da década passada.
Antecipando a divulgação do relatório, vários antigos responsáveis – entre os quais o Presidente George W. Bush –, multiplicaram-se em entrevistas nas estações de televisão e em artigos nos jornais nos últimos dias.
"Temos a sorte de termos homens e mulheres que trabalham arduamente na CIA em nosso nome. São patriotas. Independentemente do que o relatório disser, se diminuir as contribuições deles para o nosso país, estará errado. Eu conhecia os directores, os directores adjuntos, muitos dos operacionais, e são boas pessoas", disse George W. Bush durante uma entrevista ao programa da CNN "State of the Union".
Num artigo publicado no The Washington Post, um antigo responsável pela estratégia de contraterrorismo da Adminstração Bush, Jose Rodriguez, acusou os congressistas de falta de memória: "Após os ataques de 11 de Setembro de 2001, os legisladores pediram-nos para fazermos todos os possíveis para evitar outro ataque no nosso território. Havia quase unanimidade no Congresso e na Administração no desejo de que a CIA fizesse tudo o que estava ao seu alcance para destruir a Al-Qaeda. A CIA obteve as autorizações necessárias e manteve o Congresso informado. Mas, à medida que o nosso sucesso ia crescendo, a memória de alguns legisladores em relação ao apoio que nos tinham dado ia diminuindo."
A Casa Branca tentou na sexta-feira convencer a senadora Dianne Feinstein a adiar a publicação do relatório, através do secretário de Estado, John Kerry, com o argumento de que os pormenores sobre tortura podem levar a uma nova onda de ameaças contra cidadãos e interesses norte-americanos.
A senadora decidiu revelar agora o documento com receio de que isso se torne impossível a partir de Janeiro, quando a Comissão de Serviços Secretos do Senado passar a ser liderada pelo Partido Republicano. A Casa Branca anunciou reforço de segurança para embaixadas e bases americanas temendo as consequências das revelações do relatório.