As quatro mortes que revoltam os EUA
Eric Garner, Michael Brown, Tamir Rice, Rumain Brisbon — quatro negros mortos pela polícia. Estas mortes abriram um debate sobre o uso excessivo de força e o racismo da polícia.
Garner foi sufocado, mas o vídeo não prova nada
Há uma gravação em vídeo da morte de Eric Garner, no dia 17 de Julho. Mas o filme, concluiu esta semana um júri em Nova Iorque, não prova que o polícia teve intenção criminosa — por isso, Daniel Pantaleo, de 29 anos, não será julgado. A decisão levou milhares de nova-iorquinos para as ruas, em protesto — forraram a emblemática ponte de Brooklyn com caixões. Garner era negro e foi abordado na rua porque a polícia suspeitou de que estaria a vender, ilegalmente, cigarros. Tinha 43 anos. Pantaleo agarrou-o pelo pescoço e deitou-o ao chão, mantendo a pressão sobre oo seu pescoço e torso, para o dominar. “Não consigo respirar”, gritou rodeado por vários agentes, mas de nada serviu. Esta técnica de domínio é proibida na NYPD, mas foi usada. O presidente da câmara, Bill de Blasio, que é casado com uma mulher negra e tem dois filhos negros, disse que a morte de Garner era “pessoal”. Anunciou um programa-piloto — 60 agentes vão testar um uniforme que tem incorporada uma minicâmara que registará tudo o que fizerem ou disserem, para prevenir abusos. E o procurador-geral federal anunciou que vai ser aberto um inquérito por possível violação dos direitos civis de Garner.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Garner foi sufocado, mas o vídeo não prova nada
Há uma gravação em vídeo da morte de Eric Garner, no dia 17 de Julho. Mas o filme, concluiu esta semana um júri em Nova Iorque, não prova que o polícia teve intenção criminosa — por isso, Daniel Pantaleo, de 29 anos, não será julgado. A decisão levou milhares de nova-iorquinos para as ruas, em protesto — forraram a emblemática ponte de Brooklyn com caixões. Garner era negro e foi abordado na rua porque a polícia suspeitou de que estaria a vender, ilegalmente, cigarros. Tinha 43 anos. Pantaleo agarrou-o pelo pescoço e deitou-o ao chão, mantendo a pressão sobre oo seu pescoço e torso, para o dominar. “Não consigo respirar”, gritou rodeado por vários agentes, mas de nada serviu. Esta técnica de domínio é proibida na NYPD, mas foi usada. O presidente da câmara, Bill de Blasio, que é casado com uma mulher negra e tem dois filhos negros, disse que a morte de Garner era “pessoal”. Anunciou um programa-piloto — 60 agentes vão testar um uniforme que tem incorporada uma minicâmara que registará tudo o que fizerem ou disserem, para prevenir abusos. E o procurador-geral federal anunciou que vai ser aberto um inquérito por possível violação dos direitos civis de Garner.
Michael Brown, o símbolo do racismo policial
Pelo menos seis tiros, todos disparados pela frente, dois deles na cabeça. Os resultados de duas autópsias ao corpo de Michael Brown, baleado por um polícia branco na cidade de Ferguson (Missouri), não contam a história toda sobre o que se passou a 9 de Agosto, mas confirmam que os agentes usaram força desproporcionada. O homem que disparou contra Brown — que tinha 18 anos —, Darren Wilson, demitiu-se, depois de a Justiça ter decidido que não seria julgado. A polícia mantém que o agente foi agredido e provocado — ou assim lhes pareceu e, na dúvida, reagiu, como mandam os regulamentos — pelo jovem que foi avistado a andar pelo meio da rua quando já era noite. A esta defesa a polícia acrescentou um vídeo mostrando um homem, identificado com Brown, a roubar cigarros numa loja antes de ser baleado. Em Ferguson e em muitas outras cidades americanas, a população revoltou-se contra a violência orientada pelo racismo da polícia americana.
O “homicídio justificável” de um miúdo de 12 anos
Chamava-se Tamir Rice e, possivelmente, nem percebeu o que estava a acontecer. Foi tudo muito rápido. A polícia chegou e, 12 segundos depois, Tamir estava morto. O seu crime? Conte-se a história. No dia 22 de Novembro, o rapaz de 12 anos levou para um parque em Cleveland (Ohio) uma arma de plástico de ar comprimido — a imprensa, americana e mundial, nunca soube como a classificar, se deveria dizer “falsa” ou “de brincar”. Um cidadão preocupado por vê-lo a fazer de conta que matava pessoas ligou à polícia, mas alertando: a arma deve ser falsa. A informação não foi passada à patrulha enviada para o local, que, mal chegou, deu ordem a Tamir para pôr as mãos no ar. Em vez disso, o rapaz, que tinha posto a arma no cinto, fez um gesto em direcção a ela. O agente saiu do carro-patrulha e disparou imediatamente. O rapaz morreu no dia seguinte. Era negro. O que está em causa: a precipitação dos polícias, que não tentaram avaliar a cena ou incitar o suspeito a entregar a arma, optando por disparar a matar imediatamente. Está em curso uma investigação, mas a morte de Tamir Rice é, para já, mais uma na estatística dos “homicídios justificáveis”, o termo que, explica o FBI, é usado para definir todos os que são mortos por polícias em serviço. Este an,o o número destas mortes subiu.
Uma arma ou comprimidos? — as versões nunca são iguais
Um polícia branco disparou contra um suspeito negro — achou que ele ia tirar uma arma do bolso. Afinal, era um frasco de comprimidos. É mais uma história que segue um padrão, desta vez em Phoenix, no Arizona. O incidente ocorreu na terça-feira, 2 de Dezembro. Estavam presentes a sua namorada e o filho de 15 meses. As versões divergem: para a polícia, chamada ao local depois de um alerta de tráfico de droga na rua, Rumain Brisbon, de 34 anos e com cadastro, estaria a meio de uma transacção de droga. Quando confrontado pelo agente, fugiu e foi nessa altura que foi atingido. No seu Cadillac havia uma arma semiautomática e marijuana. Para os amigos, era um pai de quatro filhos que só estava a levar comida de um restaurante de fast-food para o apartamento da família.